Somente depois de assistir aos vídeos, escutar os áudios e ver os documentos que integram a delação premiada dos irmãos Wesley e Joesley Batista, donos do Grupo JBS, é que o presidente Michel Temer vai se manifestar. O pronunciamento está previsto para as 16h. Não se pode descartar a renúncia de Temer, principalmente depois que o PSDB lhe tirou a escada: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu a renúncia dos citados e o ministro das Cidades, Bruno Araújo, foi o primeiro a desembarcar.
Se continuar no cargo, Temer ficará ainda mais fragilizado do que está. Sem aprovação popular e com o apoio no Congresso comprometido, Temer corre o risco de se tornar um presidente zumbi, enfrentando uma agonia a conta-gotas.
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São três as portas de saída para Temer, caso se confirme o cenário de ingovernabilidade:
1. Renúncia - Descartada na noite de quarta-feira, depois de uma reunião de emergência com ministros e com os presidentes da Câmara e do Senado, a hipótese de renúncia voltou a ganhar força ao longo do dia, diante da abertura de inquérito pelo Suprem Tribunal federal, do impacto no mercado financeiro, da perda de sustentação política e da pressão das ruas.
2. Cassação pelo TSE – O julgamento da ação em que o PSDB pede a cassação da chapa Dilma-Temer já tem data marcada para recomeçar: 6 de junho. Antes de imaginava que os ministros retardariam o julgamento, para evitar uma crise política com a eventual antecipação da eleição. Hoje, o mais provável é o TSE apressar o julgamento. Ainda que a defesa use uma brecha da Constituição para recorrer, o recurso não tem efeito suspensivo e o cargo de presidente pode ser declarado vago.
3. Impeachment - Já são três os pedidos protocolados na Câmara, mas essa hipótese é improvável. Primeiro, porque depende de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia aceitar. Segundo, porque o rito é demorado.
Na hipótese de renúncia ou cassação, assume imediatamente o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). E, caso de impedimento deste, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Os dois são investigados na Lava-Jato. Caso se tornem réus, não podem assumir a Presidência. Nesse caso, assumiria a presidente do Supremo, Cármen Lúcia, até a realização de um presidente, pelo Congresso, para cumprir mandato tampão até o final de 2018.
A hipótese de eleição direta existe, mas é mais difícil, porque depende de aprovação de uma emenda constitucional, por três quintos dos votos, em dois turnos, na Câmara e no Senado.