No palco do Leopoldina Juvenil, a adolescente Manoela Santos dança com a leveza de uma pluma e a imagem congelada na tela do smartphone lembra um quadro de Renoir. Sentadinha em um canto, Taís Costa da Silva, sete anos, observa extasiada os movimentos graciosos de Manoela. A bailarina pega a menina pela mão e dança com ela diante de uma plateia que se emociona porque sabe o valor de um sonho. As duas deixam o palco sob aplausos.
De jaleco branco, óculos e estetoscópio, entra o futuro médico Pedro Henrique Saraiva Garcia. Negro, passos firmes, sete anos incompletos, esbanja simpatia e determinação. Com ele vêm Nicole Dias de Oliveira, sete anos, vestida com um paletó de advogada, talvez de presidente do Supremo Tribunal Federal daqui a meio século, e Matheus Pereira da Silva, 10 anos, um possível sucessor de Neymar, fardado, com a bola na mão.
O que essas quatro crianças têm em comum? Elas sonham. Sonham enquanto lutam contra o câncer. Sonham com o dia em que, livres da doença, correrão atrás de um futuro luminoso.
A plateia está repleta de pessoas que desejam ajudar crianças como essas a continuarem sonhando. São colaboradores do Instituto do Câncer Infantil, um sonho que o pediatra Algemir Brunetto sonhou quando fazia especialização na Inglaterra e que começou a realizar há 25 anos, com a ajuda de pessoas que acreditaram na ideia de construir uma casa de apoio para crianças em tratamento. O jornalista Lauro Quadros é uma dessas pessoas. Acreditou tanto no sonho do doutor Brunetto, que virou presidente do Conselho de Administração e é um dos voluntários mais entusiasmados desse exército de mais de 400 soldados. Manoela, a bailarina, é filha de Elizabeth Santos, dona da escola em que, um dia, Taís haverá de aprender a dançar como Ana Botafogo.
Pedro, o médico, tem aplasia de medula. Vem de Pinheiro Machado e está em tratamento no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Assistido pelo ICI há três anos, já é de casa. No Clínicas também se trata a bailarina Taís, de Paverama, que sofre de osteosarcoma e chegou ao ICI depois de Pedro. Faz um ano que está nessa grande família. Nicole, a advogada que talvez resolva ser veterinária, vem de Alvorada. Está sendo assistida no ICI há um ano. Tem sarcoma de Ewing e faz tratamento no Hospital São Lucas, da PUCRS. Há um ano no ICI, Matheus, o jogador de futebol, trata de um neuroblastoma no Grupo Hospitalar Conceição.
O futuro dessas crianças depende da ciência. Há muito, o ICI não é apenas uma casa de apoio para pacientes que vêm do Interior. As contribuições de empresas e pessoas físicas também são investidas em pesquisa. O novo sonho do dr. Brunetto é transformá-lo no maior centro de pesquisas de tratamento do câncer infantil no Estado. Tijolo por tijolo, o ICI-RS foi construído com a ajuda da comunidade que fez doações, participou da Corrida pela Vida, do McDia Feliz e de outras ações organizadas pelos voluntários.
Se você quiser colaborar com o Instituto do Câncer Infantil, entre no site www.ici-rs.org.br e conheça o trabalho desses sonhadores.