Teve entrega solene da autorização para convocação de plebiscito e foto para a posteridade, mas é improvável que os gaúchos tenham de ir às urnas no dia 15 de novembro para decidir se o Estado pode privatizar ou federalizar a CEEE, a Sulgás e a Companhia Riograndense de Mineração (CRM). O tempo escasso entre a decisão do governo e a data-limite para encaminhar o plebiscito à Justiça Eleitoral (15 de junho) conspira para que a consulta à população fique para 2018 e sirva de bandeira à campanha do governador José Ivo Sartori à reeleição.
O governo diz que vai tentar aprovar o projeto de decreto legislativo na sessão do dia 13 de junho, mas isso só será possível se a oposição der acordo para a publicação da proposta, na próxima terça-feira, dia 6, e concordar com a votação na semana seguinte. Sem o primeiro acordo, que pode ser barrado pelos líderes de apenas três bancadas, o plebiscito em 2017 já estará enterrado. Basta que PT, PSOL e PC do B não assinem para o governo deixar a votação para mais tarde e só fazer a consulta em 2018.
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Piratini decide ouvir a voz do povo
Líder do PT, a deputada Stela Farias avisou que a oposição vai tentar barrar na Assembleia a autorização para a realização do plebiscito, usando os instrumentos previstos no regimento interno. Stela diz que é a favor de ouvir a população sempre, mas questiona o gasto com uma eleição extemporânea.
Mal sabe a deputada petista que está fazendo o jogo estratégico do Piratini, apesar do discurso oficial de que o governo quer o plebiscito em novembro para salvar as finanças públicas. Sartori, seus secretários e aliados na Assembleia sabem melhor do que ninguém da dificuldade para mobilizar o eleitor a sair de casa exclusivamente para votar em uma consulta irrelevante para a maioria.
Já as corporações contrárias às privatizações têm poder para arregimentar eleitores e impor uma derrota ao Piratini.
Se o plebiscito ficar para 2018, junto com a eleição, será tema obrigatório de campanha. Sartori, que, embora negue, é candidatíssimo à reeleição, tem interesse nesse debate, porque sabe que sua pregação a favor da limitação do papel do Estado a áreas essenciais, como saúde, segurança e educação, encontra eco numa parcela bastante significativa da socieade. Além disso, reforça a polarização com o PT, reduzindo as chances de sucesso de um candidato de terceira via.
Aliás
Piratini mantém o discurso de que sem a venda de estatais do setor elétrico a CRM corre o risco de quebrar e a CEEE fica ameaçada de perder a concessão. A oposição sustenta que é blefe e vai pagar para ver.
Atento
Diante da sugestão da coluna publicada nesta quarta-feira, sobre plebiscito para a criação de estatais, o deputado Marcel van Hattem (PP) alertou que já tramita na Assembleia PEC dele e de outros 23 colegas estabelecendo o procedimento.