Sem votos para aprovar a emenda que retira da Constituição a exigência de plebiscito para vender ou federalizar a CEEE, a Sulgás e a CRM, o governo de José Ivo Sartori fez o que deveria ter feito desde o início: vai encaminhar o plebiscito. Para isso, é preciso que a Assembleia Legislativa autorize, mas os deputados que tanto pregaram a necessidade de ouvir a população não terão argumento para votar contra.
Não há garantia de que o Piratini seja vitorioso no plebiscito. O resultado vai depender da mobilização – e da argumentação – de quem é contra e de quem é a favor da venda de estatais. O argumento do governo é que o Estado deve se dedicar às atividades essenciais, deixando para o setor privado aqueles em que pode conseguir resultados melhores. A Sulgás, por exemplo, é uma empresa lucrativa, mas está travada pro falta de investimentos. Para ampliar a oferta de gás natural às indústrias, precisa de uma injeção de recursos que o Estado, sócio majoritário, não tem como fornecer.
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A CRM é considera em estado pré-falimentar. No governo, há quem diga que poderá quebrar antes do plebiscito. Já a CEEE vive uma situação delicada, porque precisa de investimentos públicos para manter a concessão recém-renovada e que é o seu principal ativo.
O plebiscito deve ser realizado em 15 de novembro deste ano. Ainda não se sabe se o voto será facultativo ou obrigatório. A maior resistência virá da oposição, dos sindicatos em geral e dos funcionários das estatais, que não admitem a venda de patrimônio.
A líder do PT, Stela Farias, disse que o partido não apoiará a convocação da consulta neste ano. Se dependesse dos petistas, a discussão sobre privatizações ficaria para 2018, junto com a eleição. Nos bastidores, a avaliação é de que isso poderia desgastar o candidato do PMDB, que nem internamente é unânime sobre a venda de estatais.
O Piratini, que usará as redes sociais para fazer campanha pelo SIM, avalia que a vitória no plebiscito é baseada nos resultado da eleição de 2016, em que candidatos de orientação liberal foram vitoriosos em grandes cidades defendendo na campanha a ideia de limitar a ação do Estado a setores essenciais, como saúde, segurança e educação.