O Banco Central aplicou multa de R$ 100 mil ao Badesul como punição pelos empréstimos sem garantias reais concedidos entre 2012 e 2013 às empresas Iesa Óleo e Gás e Wind Power Energy. Juntas, elas tomaram R$ 90 milhões do banco gaúcho e, depois, entraram em recuperação judicial. Ambas não pagaram as prestações e o rombo ficou com o Badesul. A Wind Power sequer chegou a fazer os investimentos prometidos em uma planta de aerogeradores em Guaíba e o recurso público desapareceu.
O Badesul foi notificado recentemente pelo Banco Central sobre a punição. A atual direção apresentou recurso solicitando o cancelamento da multa. O argumento é de que já foram tomadas medidas para proteger o banco e retomar o rigor nas análises de crédito. A decisão do Banco Central de punir o Badesul reforça o entendimento de que os calotes sofridos foram resultado de ações deliberadas da direção da época para emprestar dinheiro a empreendedores, mesmo para aqueles que não pudessem pagar. Entre 2011 e 2014, a crença do banco – e do governo Tarso Genro – era de que jorrar recursos no mercado iria fazer a economia gaúcha decolar.
Novos desdobramentos devem ocorrer ainda em 2017. As duas inspeções extraordinárias do Tribunal de Contas do Estado (TCE) instauradas para apurar as operações com Iesa e Wind Power estão na etapa de análise dos esclarecimentos dos gestores responsabilizados. Depois disso, seguirão para o parecer do Ministério Público de Contas e, por fim, os procedimentos estarão prontos para serem julgados pelo Pleno do TCE. O relator é o conselheiro Iradir Pietroski.
O Badesul terá novo período de incertezas. O mandato da atual direção acaba em 31 de abril. Ao mesmo tempo, está em vigor a Lei das Estatais, que traz critérios rigorosos para a ocupação de cargos em instituições públicas, incluindo experiência, formação e distanciamento partidário. Pelas normas, Paulo Odone, Mano Changes e Kalil Sehbe poderiam deixar a direção do Badesul, mas o governo Sartori editou um decreto dizendo que a Lei das Estatais não deve ser aplicada nos casos de "recondução". Também há uma carência de implantação da lei que se estende até junho de 2018.
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