Um mês e meio depois da volta do recesso, a Assembleia poderá, enfim, ter a primeira sessão de votações nesta terça-feira. Durante fevereiro, o Piratini argumentou que precisava de tempo para negociar os termos do Plano de Recuperação Fiscal com a União. Pediu aos parlamentares a protelação da ordem do dia. Com essa trégua, também tentou angariar apoio às propostas paradas no Legislativo, remanescentes do pacote enviado no ano passado.
Na terça-feira, na reunião de líderes, o governo do Estado vai propor a apreciação de dois vetos do governador José Ivo Sartori que trancam a pauta. Oficialmente, o Piratini vem dizendo que tem votos suficientes para a aprovação de seus projetos que tramitam na Assembleia. Se houver consenso, adianta que “está pronto” para a inclusão dessas propostas já na próxima sessão. Por estarem atrelados a pedidos de urgência, os textos também impedem novas votações, o que incomoda até os aliados. As propostas mais polêmicas são a que retira a necessidade de plebiscito para a privatização de CEEE, CRM e Sulgás, a que prevê nova data-limite para pagamento de salários, e a que termina com a remuneração paga pelo Estado a diretores de sindicatos.
Na prática, o que se vê é a perda drástica do apoio do PDT (por enquanto, da base). O PTB também está dividido e afirma continuar com a postura independente. Por mais que alardeie estar com apoio suficiente (para aprovar as PECs, são necessários três quintos dos votos), o governo pode retirar os pedidos de urgência das propostas para não correr o risco de ser derrotado.
Mais projetos de enxugamento da máquina serão enviados aos deputados no primeiro semestre. Alguns atenderão às exigências da União no Plano de Recuperação, outros serão construídos por livre iniciativa do governo do Estado.
Por enquanto, a espera pela compreensão do Ministério da Fazenda acerca dos ajustes já promovidos pelo Estado de nada resultou. Como há um pedido de urgência no projeto do plano, sem necessidade de discussão em comissões, membros do governo do Rio Grande do Sul acreditam que a renegociação pode ser votada ainda nesta semana na Câmara dos Deputados.