A entrevista da ex-presidente Dilma Rousseff à Agência France Presse (AFP), admitindo concorrer a deputada federal ou a senadora, animou a direção do PT gaúcho, que ainda não tinha tratado da eleição de 2018 com ela. O presidente estadual do PT, Ary Vanazzi, ficou positivamente surpreso com a disposição da ex-presidente e disse que ela será candidata ao cargo que quiser, mas essas definições ficarão para o segundo semestre, depois do congresso em que o partido discutirá sua estratégia de sobrevivência.
– Creio que o PT vai disponibilizar a ela qualquer das candidaturas – opina o ex-governador Tarso Genro.
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A eventual candidatura de Dilma ao Senado passa por uma discussão com Paulo Paim, que ameaçou sair do PT, mas acabou ficando depois de receber garantias de que seria o candidato do partido à reeleição. Em 2018 serão duas vagas em disputa, mas os petistas sabem que é praticamente impossível o partido eleger dois, tendo Ana Amélia Lemos (PP) como candidata à reeleição.
– Não podemos queimar nomes com o peso de Dilma e Paim em disputas que não sejam para ganhar. Dilma será muito importante neste processo de recuperação do PT – diz Vanazzi.
A manifestação de Dilma, extraída de entrevista concedida na sexta-feira, em Brasília, segue uma estratégia. Ela ainda está na fase que os petistas chamam de “denunciar o golpe em fóruns internacionais”. Falar para a imprensa estrangeira e ir a eventos como os de que participou na Europa, recentemente, fazem parte dessa etapa. A próxima será discutir as reformas propostas pelo presidente Michel Temer, que o PT carimbou como “ataque às conquistas dos trabalhadores”. A partir de julho, a ex-presidente deverá participar de atividades no Rio Grande do Sul, preparando uma possível candidatura.
Para Dilma, disputar uma eleição majoritária é um projeto de risco, no qual ela só deverá embarcar se as pesquisas indicarem chances reais de vitória. O caminho mais seguro seria concorrer a deputada, opção preferida dos petistas que temem uma redução da atual bancada na Câmara por conta da crise de credibilidade e da disposição do eleitor de votar em nomes e não em partidos.