Com um discurso moderado na posse como presidente da Assembleia, o deputado Edegar Pretto (PT) terá de administrar, a partir desta quarta-feira, o conflito entre a pressão de seus aliados de esquerda e a direção de uma casa plural, com maioria alinhada a um governo de inspiração mais liberal. Pretto lembrou que o comando é colegiado e reafirmou que vai respeitar a democracia e o regimento interno, mas quem acompanha as sessões do Legislativo sabe que a postura do presidente faz toda a diferença na votação de projetos polêmicos.
Uma amostra da tensão latente nessas relações pode ser vista já na citação das autoridades presentes. O governador José Ivo Sartori e o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, foram vaiados pelas galerias lotadas de pequenos agricultores e simpatizantes do PT e do MST. Foi um ato de deselegância, que em nada contribui para distensionar as relações.
Leia mais:
Edegar Pretto assume como novo presidente da Assembleia
Edegar Pretto, o "Guri do Adão", assume a presidência da Assembleia
A mesa pluripartidária é fruto de um acordo que teve o PMDB na presidência em 2015, com Edson Brum, e o PP em 2016, com Silvana Covatti. Para demonstrar seu apreço à forma democrática como a chapa foi construída, Silvana fez questão de registrar seu voto. No ano passado, quando foi eleita, somente Pedro Ruas (PSOL) votou contra.
Desta vez, o único voto contrário veio de Marcel van Hattem (PP), suplente que está no exercício do mandato porque seu partido tem dois deputados no secretariado. O PP tentou convencê-lo a votar sim, lembrando que Frederico Antunes é o 2º vice, mas foi inútil. Ele diz que a bancada entendeu sua posição de votar contra um petista na presidência, mas os colegas dizem que não foi bem assim. Antunes, João Fischer e Sérgio Turra pediram que, pelo menos, se abstivesse, para não constranger a bancada, mas o deputado não cedeu.
A presença de Antunes na mesa é considerada estratégica para conter eventuais excessos de Pretto. O grande ponto de interrogação é: como se comportará o novo presidente se, em votações polêmicas, sindicalistas tentarem invadir o plenário? Pretto diz que vai dialogar e que não pretende, por exemplo, fechar as portas como fizeram Brum e Silvana. Outra dúvida: como se dará a divisão de espaços nas galerias da Assembleia? O presidente responde que o colegiado definirá os critérios para a distribuição de senhas.
Pretto é o terceiro deputado do PT a assumir a presidência. Antes dele, Ivar Pavan foi presidente quando Yeda Crusius (PSDB) era governadora e Adão Villaverde comandou a casa com Tarso Genro (PT) no Piratini.