Meu comercial preferido entre os que estão no ar nesta metade de janeiro é o que recomenda compartilhar coisas boas, como um abraço ou uma dica de livro. Nestes tempos em que tanto se compartilham boatos nas redes sociais (muitas vezes transformadas em antissociais pela intolerância que corre nas suas linhas), quero dividir o prazer da leitura da série napolitana de Elena Ferrante.
Começou com a A Amiga Genial, presente da minha amiga genial Luciane Aquino. O segundo, História do Novo Sobrenome, ganhei de outra amiga genial, a Sandra Simon. Estou lendo o terceiro, que eu mesma comprei. História de Quem Foge e de Quem Fica é a continuação da saga das amigas Lina (ou Lila) e Lenu ( Elena, como o pseudônimo da autora, cuja identidade verdadeira é um mistério). Entre o segundo e o terceiro li Dias de Abandono, outro de Elena Ferrante, mas que não faz parte da série. Já está na fila A Filha Perdida, que encontrei por acaso numa livraria.
Nesses livros tenho viajado pela Itália sem sair do sofá. É um país que nem posso dizer que conheço. Passei 48 horas em Roma e 36 em Florença, com uma incursão pelo interior da Toscana. Todos os anos penso em voltar, mergulhar no interior dessa terra fascinante, mas faço as contas e acabo desistindo. Com Ferrante, estou íntima de Nápoles e dos arredores, circulo por Milão, caminho pelas ruas de Pisa, ando de trem, tomo banhos de mar em águas transparentes. E partilho dos sucessos e fracassos das personagens femininas, duas amigas de infância que atravessam os anos sem perder o contato, mesmo que em determinadas épocas se afastem empurradas pelas circunstâncias. Eis a beleza da literatura.
Falo do prazer de ler Elena Ferrante para dizer da alegria da volta da Jornada de Literatura de Passo Fundo. A Universidade de Passo Fundo havia suspendido o evento porque ele se tornara grande demais para as possibilidades de financiá-lo. Na primeira semana de outubro a jornada estará de volta, com debates debaixo da lona, jornadinha para as crianças e uma programação que deve se esparramar pela cidade. O foco é estimular a leitura, esse prazer ameaçado pelo avanço da comunicação sem palavras. Se alguém aí pensou em celebrar a volta da jornada com aquela figurinha de duas mãos postas em sinal de oração, tudo bem. É comunicação também, mas não tem a força das palavras.