A dificuldade em encontrar a pessoa certa para cada cargo do primeiro escalão deverá criar uma situação inédita em Porto Alegre: Nelson Marchezan assumirá a prefeitura no domingo sem ter conseguido completar a equipe. Marchezan inovou no sistema de escolha dos secretários, subvertendo a lógica das indicações políticas, mas esbarrou na falta de quadros qualificados nos partidos, no desinteresse dos sondados e na falta de tempo para montar o quebra-cabeça. O salário de R$ 12 mil pago aos secretários dificulta o recrutamento de pessoas qualificadas que hoje estão no setor privado.
Orientado por consultores, Marchezan reduziu a estrutura de 37 para 15 secretarias e redefiniu as funções de cada uma, mas não conseguiu aprovar o projeto na Câmara. Os próprios integrantes da sua futura base aliada barraram a votação. Resultado: domingo, parte dos secretários tomará posse em pastas com nomenclatura antiga. Em outras, o cargo ficará vazio à espera da escolha do titular.
A confusão envolvendo o desconto do IPTU acabou atrapalhando a escolha dos secretários. Dos 15 previstos, apenas seis haviam sido confirmados até ontem. Marchezan vai anunciar novos nomes nesta quinta-feira, às 14h. A defensora pública Maria de Fátima Záchia Paludo foi escolhida para a Secretaria de Desenvolvimento Social, que reunirá as atividades atualmente dispersas em várias pastas autônomas. Sob esse guarda-chuva, ficarão as áreas de habitação, direitos humanos, assistência social, acessibilidade e igualdade racial. Das grandes secretarias, falta definir os titulares de Serviços Urbanos,uma espécie de zeladoria da cidade, Obras e Infraestrutura, Gestão e Planejamento, Sustentabilidade (sucessora do Meio Ambiente) e Segurança.
Para não prejudicar a continuidade dos serviços, Marchezan pediu ao prefeito José Fortunati que mantenha, por 30 dias, 18 pessoas da atual administração. São, em geral secretários adjuntos que ficarão responsáveis pelas áreas em que atuam hoje. Não está nos planos do prefeito convocar a Câmara em caráter extraordinário para votar a reforma administrativa. Isso significa que só em fevereiro os vereadores apreciarão o projeto de enxugamento da máquina.