Durou cerca de uma hora e meia a primeira reunião entre o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), e o prefeito eleito, Nelson Marchezan Junior (PSDB), na prefeitura. Somente os dois participaram do encontro, que ocorreu a portas fechadas no gabinete de Fortunati.
Recebido por um grupo de jornalistas, o tucano chegou por volta das 14h ao prédio situado na Praça Montevidéu, no centro da Capital. A pedido dos fotógrafos, nas escadas que dão acesso à sala do chefe do Executivo, subiu o primeiro degrau com o pé direito – foi a primeira vez que Marchezan pisou na prefeitura desde a vitória nas eleições, no domingo.
– Não estou acostumado com esse negócio – falou, se referindo ao assédio da imprensa e à superstição.
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Autor do pedido da conversa, o deputado quis fazer uma visita cortesia ao atual prefeito e dar início às primeiras tratativas sobre o processo de transição. Informou que, durante a reunião, pediu alguns conselhos a Fortunati e ressaltou, em coletiva de imprensa, as qualidades de seu antecessor:
– Vim aqui pedir conselhos, de como proceder, e qual a sugestão dele para esse início de transição. Vim aqui prestar nossas homenagens ao prefeito, nossas considerações pessoais de respeito e de admiração e de desejo que esse processo seja muito tranquilo. Nos próximos quatro anos, pedir que ele não nos abandone, que ele continue dando conselhos, sugestões e criticando quando necessário.
Sorridente, Fortunati disse que deseja dar "plenas condições" ao eleito, com a abertura total dos dados da máquina municipal.
– Divergimos durante a campanha por questões muito naturais, já que estávamos em candidaturas diferenciadas, mas isso não reduziu em nada o respeito que tenho pela figura do homem público Nelson Marchezan. É meu dever fazer uma transição mais aberta, plural, democrática e mais transparente possível. Assumi um compromisso com ele de que todas as informações que desejar serão repassadas – defendeu.
Desde o fim do segundo turno, Marchezan vem afirmando que o orçamento destinado para segurança pública em Porto Alegre é insuficiente. Fortunati disse que não quer criar problemas de governabilidade ao futuro prefeito e informou que, se precisar, poderá pedir uma alteração no orçamento enviado à Câmara de Vereadores.
– Na próxima semana, sentaremos para compor um grupo de transição com pessoas que eu vou indicar e pessoas que Nelson Marchezan indicará. Não quero, de forma alguma, que o prefeito eleito assuma sem ter plenas condições de estabelecer com a sociedade as medidas que ele entender adequadas. Não será por falta de informações e de empenho – disse o prefeito.
Na próxima semana, o grupo que discutirá a transição entre os dois governos já começa a trabalhar. O processo ocorrerá na sede da antiga Secopa, na Avenida Siqueira Campos. Outra reunião ente o prefeito e o prefeito eleito está marcada para segunda-feira. Eles não informaram quem serão os coordenadores de cada equipe na transição.
Nenhum dos dois detalhou os conselhos que Fortunati deu a Marchezan. O prefeito informou que não foi sugerido nomes para o secretariado, mas que transmitiu a sensação de algumas decisões tomadas ao longo da gestão e de atitudes bem-sucedidas e medidas fracassadas adotadas desde que assumiu a cadeira.
Marchezan finalizou a entrevista concedida no gabinete do prefeito afirmando que o clima de tensão com a atual administração acabou no domingo à noite, quando a campanha acabou.
IPTU
Diante da crise, a saída encontrada pela prefeitura de Porto Alegre para quitar o 13º salário e a folha de dezembro dos servidores públicos é antecipar o pagamento do IPTU, concedendo um bom desconto até o dia 31 de dezembro a quem tem propriedades e terrenos na Capital. Ano passado, a mesma medida foi adotada.
Marchezan concordou com a ideia e disse que até o fim da gestão as decisões são de responsabilidade de Fortunati. A ideia da prefeitura é juntar o dinheiro de receita ordinária para pagar o 13º e, com os recursos do imposto, quitar a folha de pagamento do último mês do ano.