Ainda que a dimensão do impacto político do pedido de prisão de líderes peemedebistas dependa da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), alguns cenários sobre o efeito da solicitação para o governo Michel Temer e para o impeachment da presidente Dilma Rousseff começam a se desenhar. A ação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), o ex-presidente José Sarney (MA) e o senador Romero Jucá (RR) lança dúvidas sobre os próximos passos do processo de afastamento de Dilma. Além disso, coloca o novo governo em mais uma situação de desconfiança aos olhos da sociedade, que se mobilizou em atos pedindo o fim da corrupção.
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No Supremo, o vazamento do pedido de Janot soou como tentativa de pressionar o relator, ministro Teori Zavascki, que já estava com o documento desde a semana passada. Informalmente, ministros consideraram a solicitação exagerada, já que as evidências colhidas até agora não sustentariam de maneira mais firme a tese de que o quarteto peemedebista estaria tentando obstruir a Operação Lava-Jato – motivo do pedido.
Mesmo que a prisão deles não seja concedida, o fato político é suficientemente grave para afetar Temer e também o processo de impeachment. No caso do presidente interino, a imagem do novo governo, que já vem sofrendo por causa dos erros cometidos por seus integrantes, ficaria definitivamente arranhada, já que se trata dos principais quadros da hierarquia do PMDB. Em termos de suspeitas de corrupção, os peemedebistas estariam próximos de se igualarem aos antecessores do PT, partido cuja parte da cúpula foi parar atrás das grades.
Os últimos fatos ajudam a desconstruir a questionável tese vendida por setores da antiga oposição de que o país estaria livre da corrupção com a saída dos petistas do poder. Diante dos sucessivos episódios envolvendo peemedebistas, Temer acionou aliados na tentativa de acelerar o afastamento de Dilma, mas o calendário foi mantido. O temor de que senadores favoráveis ao impeachment mudem de posição caminha no mesmo compasso do surgimento de notícias negativas contra o novo governo.
