Convencido de que sua posse no Palácio do Planalto é questão de dias, o vice-presidente Michel Temer já definiu o coração da equipe e a lógica que presidirá o governo de transição. A ordem é promover a “animação da economia” usando recursos de terceiros, já que não há dinheiro público para investimentos. Trocando em miúdos, significa atrair investidores estrangeiros, estimular os empresários brasileiros a empreenderem e apostar nas concessões e parcerias público-privadas (PPPs).
A tarefa de “animar a economia” estará cargo a do trio Henrique Meirelles (Fazenda), Romero Jucá (Planejamento) e José Serra (Relações Exteriores). A ideia inicial do vice é acabar com o Ministério do Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, distribuindo suas atribuições entre Fazenda, Planejamento e Relações Exteriores. Uma das questões em aberto é debaixo de qual guarda-chuva ficarão o BNDES, os bancos do Brasil, do Nordeste e da Amazônia e a Caixa Econômica Federal.
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A articulação política ficará mesmo sob responsabilidade do baiano Geddel Vieira Lima, mas os cargos de líder do governo na Câmara e no Senado serão oferecidos aos partidos aliados.
Escolhido para chefiar a Casa Civil, o ex-ministro Eliseu Padilha adianta que o governo federal deverá formar um fundo nacional garantidor das PPPs, para estimular Estados e municípios a fazerem parcerias. A União funcionaria como avalista, já que a crise dos Estados, incapazes de oferecer garantias, hoje inibe as PPPs.
Para alavancar as concessões, planeja-se criar um grupo executivo sob o comando de Moreira Franco, ligado diretamente à Presidência. Moreira quer ressuscitar a estratégia de Juscelino Kubitschek, de fazer “50 anos em cinco”, para algo como 20 anos em dois.
Na estratégia de animar a economia, uma das preocupações é encontrar a pessoa certa para o Ministério do Trabalho e da Previdência Social. O perfil desejado é de alguém que sinalize para o mercado que vai fazer as reformas previdenciária e trabalhista.
Temer já definiu que secretarias como as de Direitos Humanos, Igualdade Racial e Políticas para as Mulheres perderão o status de ministério. Na reforma idealizada, passarão a ser departamentos do Ministério da Justiça e Direitos Humanos, que deverá ser comandado pelo secretário da Segurança de São Paulo, Alexandre de Moraes, inicialmente cotado para a Advocacia-Geral da União.
O vice está em busca de dois craques para a saúde e a educação, mas esbarra numa dificuldade: o salário de ministro é muito baixo para atrair a elite dessas áreas.