A reunião relâmpago que formalizou a saída do PMDB do governo Dilma Rousseff produziu um retrato interessante dos rostos que ganham poder em caso de aprovação do impeachment e de ascensão de Michel Temer à Presidência da República. Ao lado do senador Romero Jucá, ex-líder deste e de outros governos, estava, de braços erguidos, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, com expressão de quem viu a luz. O breve comunicado de Jucá terminou com um “viva o Brasil”, repetido pela plateia que gritava “Fora PT” e “Brasil pra frente, Temer presidente”.
Com a chance cada vez mais concreta de aprovação do impeachment, já é possível vislumbrar quem sobe e quem desce na escala do poder. Quatro nomes são pule de 10 para compor um eventual governo Temer, todos ex-ministros: Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima, Moreira Franco e Henrique Eduardo Alves. Por afinidade, os quatro chamam Temer de “Michel”, liberdade que outros se dão para tentar parecer próximos.
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Presidente do Senado, Renan Calheiros não é nome para o ministério, mas ganha força em um possível governo Temer pelo simples fato de ser um dos principais caciques do PMDB. Seu recuo estratégico foi decisivo para que o partido aprovasse a saída do governo por aclamação. Da mesma forma, o ex-presidente José Sarney, que não postula cargos para si, mas segue com influência vitalícia sobre o partido.
No retrato do anúncio do rompimento, faltou o personagem principal, Temer, que optou por se preservar e acompanhou a reunião à distância. Mas lá estavam o ex-governador de Pernambuco Jarbas Vasconcellos, um dos históricos do PMDB, e o deputado Ibsen Pinheiro, ex-presidente da Câmara que conduziu o processo de impeachment de Fernando Collor. Faltou o ex-senador Pedro Simon, excluído do diretório por um desses esquecimentos injustificáveis, mas que se explicam à luz dos novos tempos: seu MDB é, cada vez mais, uma página no livro de memórias.
A ideia de Temer de montar um ministério de notáveis, com representação de diferentes partidos, reduz o espaço para o aproveitamento de peemedebistas gaúchos. Um nome que cresce é o do filósofo Denis Rosenfield, conselheiro do vice-presidente.