Sem preconceito contra pedágios, o governador José Ivo Sartori esteve ontem no gabinete do ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, para reforçar o pedido de inclusão de novos trechos de estradas federais no programa de concessões do governo Dilma Rousseff. O governador quer ver no pacote oferecido à iniciativa privada a BR-290, entre Eldorado do Sul e Cachoeira do Sul, e a BR-386, entre Carazinho e Iraí.
Apresentada em julho do ano passado, a demanda já está em estudo na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Mesmo que os pedágios enfrentem restrições por boa parte dos usuários, Sartori diz que está defendendo “os interesses do povo gaúcho”. O governador concorda que não existe pedágio mais caro do que os acidentes mortais decorrentes da má conservação das estradas ou da falta de duplicação.
– No Rio Grande do Sul, o transporte rodoviário responde pelo escoamento de 85% da safra. Nosso projeto visa integrar a malha de rodovias estaduais com a federal, qualificando a ligação com o Estado catarinense e formando corredores até o Porto de Rio Grande.
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A proposta original do Programa de Investimento em Logística (PIL), do governo federal, contempla investimentos de R$ 3,4 bilhões por meio de concessões na infraestrutura rodoviária do Estado. Prevê a oferta de quatro trechos ao setor privado: BR-386 (de Canoas até Carazinho), BR-101 (entre Osório e Torres), BR-116 (entre Porto Alegre e Camaquã) e BR-290 (no trecho já concedido da freeway, cujo prazo se encerra em 2017).
O entendimento do governador e do secretário dos Transportes, Pedro Westphalen, é de que, diante da crise fiscal que reduziu drasticamente os investimentos federais, a única forma de garantir a duplicação da BR-290, entre Eldorado e Cachoeira, e da BR-386, de Carazinho a Iraí, é a concessão. Apesar de já estar contratada a duplicação da BR-290 entre Eldorado do Sul e Pantano Grande, as obras mal começaram e foram interrompidas por falta de dinheiro.
Entre os usuários da BR-290, são constantes as reclamações de que a qualidade da estrada piorou muito depois da eliminação do pedágio. Com tráfego intenso de caminhões pesados e a capacidade totalmente esgotada, a rodovia está esburacada e mal sinalizada. Há mais de um mês, uma empresa contratada pelo Dnit vem trabalhando na recuperação emergencial da pista.
No caso da BR-116, entre Guaíba e Camaquã, que integra o plano original, a rodovia está sendo duplicada com recursos públicos, mas o ritmo da obra caiu em consequência da crise. A BR-386, entre Lajeado e Carazinho, é uma das mais movimentadas e perigosas do Estado. A previsão é de que o vencedor da licitação se responsabilize pela duplicação.