Na semana passada, indignada com a explicação do Daer sobre a demora na pintura da sinalização horizontal na ERS-118, escrevi uma notinha criticando o Daer. A engenheira Lia Caterí Rech Martinazzo, presidente da SUDAER, e a engenheira Ana Paula P. Cardoso, presidente da SECDAER, escreveram uma carta a quatro mãos para contestar. Confira a íntegra da carta:
"Prezada Jornalista Rosane de Oliveira!
Não podemos concordar com a sua manifestação de que só os funcionários do DAER sentiriam falta caso esta Autarquia fosse extinta, porque até o momento, não há nenhuma outra instituição que possa substituir os serviços que vem sendo prestados nestes 78 anos de fundação.
Na verdade, o sucateamento deste Departamento, que vem sendo promovido ao longo dos anos, parece levar a essa finalidade, porém podemos afirmar que a extinção pura e simples apenas traria transtornos ainda maiores ao Estado. Tal tentativa já foi feita no governo do Sr. Antônio Brito, quando se instituiu o Plano de Demissão Voluntária - PDV e o recolhimento de equipamentos aos pátios das então Residências do interior do estado, implantando um clima de terror, sob a alegação de que os serviços poderiam ser terceirizados, o que até hoje não ocorreu.
Não é o DAER o culpado pela situação das Rodovias e, sim, as políticas sem planejamento que vem sendo adotadas há mais de 20 anos, com sucessivas trocas de governo e sempre atreladas aos interesses políticos. Se fosse assim tão fácil, estaria tudo terceirizado com empresas substituindo a administração direta, mas recurso de onde para que isso aconteça? Talvez os pedágios fossem a solução, porém a maioria das rodovias não comportaria essa modalidade pois o volume de tráfego é muito pequeno e em uma licitação não haveria interessados.
Gostaríamos que jornalistas com o seu poder de informação contribuíssem para que os governos tomassem as atitudes necessárias para buscar alternativas e recursos para manter a qualidade e a segurança da malha rodoviária estadual, como por exemplo: Paraná e Goiás recebem uma parte do IPVA direcionada especificamente para a manutenção e conservação de rodovias, o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná recebia cerca de 150 milhões de reais ano sem depender de recursos do Tesouro, ao contrário do DAER que sempre tem de implorar junto à Secretaria da Fazenda e quando mais conseguiu recursos foram cerca de 100 milhões e, hoje passados 10 meses de governo, apenas 27 milhões foram destinados (é importante esclarecer que são necessários cerca de R$ 140,00 milhões ao ano para garantir a conservação da malha rodoviária estadual). Logo, nós servidores não temos como operar milagres e tampouco as empresas que, como é sabido, não trabalham sem receber.
Somos sabedores de que precisamos nos modernizar e para tanto desde 2008 as Associações e Sindicato do DAER tentam junto as direções, Secretaria de Transporte e Assembleia Legislativa que sejamos escutados e não apenas cobrados por esses que sabem muito bem da situação de penúria que vivemos.
Ano passado foi encaminhado um estudo para compra de equipamentos para formação de Patrulhas Rodoviárias: quatro para atuar nas rodovias não pavimentadas e outras quatro para as rodovias pavimentadas, um investimento à época de mais ou menos 35 milhões de reais o que nos daria uma certa liberdade de ação o que consideramos iria melhorar o atendimento pois teríamos equipamentos novos e uma certa independência das empresas quando ficamos sem recursos para pagá-las o que seguidamente acontece, mas infelizmente, o processo ficou parado, mas continua lá.
Também a colocação de que não temos mais servidores para operar tais equipamentos não nos parece ser justificativa, pois qual a dificuldade de abrir concurso público para alguns poucos?
Declarações como a da sua coluna nos parecem simplistas além de desrespeitosas com os servidores do DAER, que a despeito das condições de trabalho desfavoráveis e da falta de recursos, realizam suas atividades buscando, da melhor forma, atender as demandas da Sociedade.
Se a lógica de seu pensamento fosse correta, deveriam ser extintas todas as instituições públicas que não conseguem atender adequadamente os anseios da Sociedade. Imagine, assim, fechar a Polícia Civil e a Brigada Militar por não conseguirem garantir a segurança de todos os cidadãos; a Secretaria da Saúde, consequentemente os hospitais, por não conseguirem assegurar tratamento adequado de saúde a todos que necessitam de tais serviços. O lógico não seria investir nestas instituições, reestruturá-las e adequá-las para desempenhar seus papeis de forma eficiente, assim como necessita o DAER?
Sendo assim gostaríamos que a sua coluna, assim como a do início do ano que apoiou a melhoria da nossa condição de trabalho, bem como foi crítica quanto a não aprovação do nosso Projeto de Lei que instituía o nosso plano de carreira, cobrasse dos dirigentes as medidas que devem ser tomadas para a manutenção e conservação de nossas rodovias, pois caso contrário pela inoperância e desmandos dos políticos, com o DAER ou sem o DAER, talvez muitas de nossas rodovias sejam extintas antes de nós.
Neste sentido, esperamos ter contribuído para uma informação mais completa a ser levada para os leitores de sua coluna.
Atenciosamente,
Engª Lia Caterí Rech Martinazzo, presidente da SUDAER
Engª Ana Paula P. Cardoso, presidente da SECDAER"