
O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
Desde dezembro de 2024, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem falado publicamente sobre seu interesse em anexar a Groenlândia. Nesta semana, o assunto voltou à tona com a programação de uma visita de autoridades americanas ao território.
Na quarta-feira (26), Trump retomou o tema e afirmou que os EUA precisam da Groenlândia "para a segurança internacional".
Mas o que está por trás da intenção do republicano?
A ilha, que é a maior do mundo, é um território autônomo da Dinamarca. O interesse de Trump não é novo: em 2019, durante seu primeiro mandato, ele já havia declarado que a compra ou anexação "seria um grande negócio imobiliário".
Apesar de 80% do território ser coberto por gelo, a Groenlândia tem grande potencial explorável, pois abriga uma das maiores reservas de minerais críticos do mundo — essenciais para energias renováveis e tecnologia — além de urânio, petróleo e gás.
Outro fator crucial é a localização estratégica da Groenlândia no Ártico, região que tem se tornado um ponto de tensão global. Rússia e China têm aumentado sua influência na área, e os EUA veem a ilha como um ponto-chave para defesa.
O controle da ilha propiciaria aos EUA proteger rotas marítimas emergentes, como a Passagem Noroeste que pode ser tornar navegável diante do aquecimento global. Além da instalação de outra base militar mais ao norte do país, que seria vital para implantar sistemas de alerta de mísseis. E, principalmente, impedir que rivais estabelecessem bases na região.
Atualmente, os Estados Unidos já mantêm uma base aérea em Thule, a cerca de 1.500 km de Nuuk, capital da Groenlândia. A anexação ou um maior controle sobre o território ampliaria a capacidade militar americana na região.
Oposição
O governo groenlandês, porém, tem rejeitado as tentativas de Trump. O primeiro-ministro interino, Mute Egede, classificou no início da semana a viagem da comitiva dos EUA como "altamente agressiva". O caso fez os americanos reduzirem a extensão da visita, limitando-a apenas à base militar.
A Dinamarca, responsável pela defesa e política externa da Groenlândia, também já deixou claro que não negociará a soberania do território.