Rodrigo Lopes

Rodrigo Lopes

Formado em Jornalismo pela UFRGS, tem mestrado em Ciência da Comunicação pela Unisinos e especialização em Jornalismo Ambiental pelo International Institute for Journalism (Berlim), em Jornalismo Literário pela Academia Brasileira de Jornalismo Literário, e em Estudos Estratégicos Internacionais pela UFRGS. Tem dois livros publicados. Como enviado do Grupo RBS, realizou mais de 30 coberturas internacionais. Foi correspondente em Brasília e, atualmente, escreve sobre política nacional e internacional.

Ataque à democracia
Opinião

Agora réu, Bolsonaro diz que não "sabia de nada", só fala sobre si e apresenta-se como um herói injustiçado

Por unanimidade, Supremo aceita denúncia contra ex-presidente e sete aliados por tentativa de golpe

Rodrigo Lopes

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EVARISTO SA / AFP
Bolsonaro se torna réu em caso de atentado ao Estado democrático de direito e outros crimes

O pronunciamento de Jair Bolsonaro após a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitar, nesta quarta-feira (26), por unanimidade, a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), tornando o réu junto a outros sete membros do outrora alto escalão de governo, seguiu uma linha: ele, o ex-comandante-em-chefe da nação, seria o grande injustiçado.

"A Justiça conspira contra o ex-presidente". "Há perseguição". "Ele não sabia de nada". "O sistema está falido". "O 8 de Janeiro foi uma grande farsa bolada pela esquerda para culpabilizar o ex-líder". 

Essa são algumas das frases de apoiadores em redes sociais sobre o desfecho do primeiro ato no Supremo. 

No discurso, Bolsonaro disse que pouco sabia das reuniões em torno de uma ação golpista ou das movimentações dos demais réus - ironicamente, em geral, seus homens de confiança. É quase um salve-se quem puder....

Logo no início da fala, o ex-presidente já disse que o julgamento estava recheado de "acusações graves e infundadas". Ao citar a ação dos caminhoneiros que fecharam rodovias após o resultado das urnas, que elegeu Lula em 2022, Bolsonaro disse que pediu, em uma live, que os manifestantes liberassem as vias, o que acataram prontamente. Em sua mente e na cabeça dos apoiadores, estava ali um herói injustiçado.

Bolsonaro também disse que, em dois anos de investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, não fora apontado o grande líder das manifestações.

Em sua defesa, afirmou ainda que teria havido interferência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições de 2022 - e que o órgão "jogou pesado" contra ele e a favor de Lula. 

- Eu não pude mostrar imagens do Lula defendendo aborto, falando do pobre coitado que rouba o celular para comprar uma cervejinha, do 7 de setembro, do enterro da Rainha Elizabeth, do meu discurso da ONU, fotos de Lula com ditadores e do Lula com o gorro da CPX.

Ainda sobre o TSE, disse que houve uma difença de cerca de 2 milhões de votos nas eleições de 2022 e que o TSE fez uma campanha massiva para que jovens entre 16 e 17 anos tirassem o título de eleitor e que "75% dos jovens votam na esquerda". 

Ainda sobre os atos de 8 de Janeiro, declarou que não estava no Brasil naquele dia - de fato, Bolsonaro, viajara para os EUA em 30 de dezembro para não passar a faixa a Lula em 1º de janeiro.

Por fim, mudou o foco, fez um balanço de sua gestão e reembalou os ataques aos demais Poderes. Reencarnou o Bolsonaro "presidente".

- Me pintam nesse inquérito como o maior criminoso da democracia - disse.

Obviamente, não houve momentos para perguntas de jornalistas. Obviamaente, Bolsonaro só falou sobre si - como se os demais sete réus não respondessem a seu comando em uma versão pós-moderna do eu em primeiro lugar. Afinal, como dizia Bezerra da Silva: "Farinha pouca, meu pirão primeiro". 

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