A vitória de Donald Trump nos Estados Unidos joga uma nuvem de ceticismo sobre a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), que começa na segunda-feira (11) em Baku, no Azerbaijão.
O primeiro efeito imediato do retorno do republicano à Casa Branca nos debates ambientais deve ser a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, no qual os países se comprometeram com metas para evitar que a temperatura média do planeta suba 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais. Trump já retirou o país do tratado internacional em 1º de junho de 2017 e prometeu que o fará de novo. Maiores emissores de gases de efeito estufa, logo maiores poluidores, os EUA haviam retornado ao acordo com a posse de Joe Biden, em 2021.
Além disso, há séria preocupação sobre o financiamento climático, uma vez que um governo Trump deve apertar o cinto dos gastos em organismos e arranjos multilaterais. Os governos concordaram em 2010 que os países desenvolvidos destinariam US$ 100 bilhões por ano até 2020 para ajudar nações em desenvolvimento a gerir melhor os impactos das alterações climáticas – nomeadamente, eventos climáticos extremos como secas e inundações – e pagar por medidas de adaptação para se afastarem dos combustíveis fósseis e se aproximarem dos combustíveis renováveis. Isso foi na conferência climática COP16 da ONU. Na COP21, em 2015, o Acordo de Paris estabeleceu que os países desenvolvidos continuariam a mobilizar US$ 100 bilhões de financiamento por ano, até 2025, e que, antes dessa data as nações chegariam a um novo acordo para os anos seguintes. Há dois anos, no entanto, na COP26 em Glasgow, ficou claro que as nações não tinham cumprido o objetivo de 2020 por uma série de razões, uma das quais foi a falta de financiamento privado.
Nas negociações da COP29, de Baku, tudo o que a delegação de Biden assinar será letra morta a partir de 20 de janeiro - o que também lançará dúvidas sobre o sucesso da COP seguinte, de Belém, o grande evento ambiental do governo Lula.