A ideia era boa: a três dias do início da COP29, conferência da ONU sobre mudanças climáticas, no Azerbaijão, o governo federal pretendia anunciar a sua NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada), a meta que o país pretende se comprometer sobre emissão de gases poluentes.
O problema foi a forma e o conteúdo. A forma: na sexta-feira à noite, quando muitas das delegações de cientistas, ambientalistas e representantes de governos estavam a caminho de Baku, e em um anúncio escondido, no site do Planalto, sem divulgação por parte de sua assessoria de comunicação.
O conteúdo: o país pretendia emitir, até 2030, um 1,2 bilhão de toneladas de gases de efeito estufa. Agora, o governo estabeleceu uma meta para 2035: entre 850 milhões e 1,50 bilhão de toneladas. O compromisso é reduzir as emissões de gases de efeito estufa de 59% a 67%, na comparação com 2005.
O problema: o governo diz que a meta está alinhada ao objetivo do Acordo de Paris de limitar o aquecimento médio do planeta a 1,5ºC. Os ambientalistas consideram que esses cálculos estão desalinhados com a contribuição justa do Brasil para a estabilização do aquecimento global, bem como com a promessa de zerar o desmatamento no país.
Embora com a melhor das intenções, o governo conseguiu colocar um bode na sala.
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