Igor Normando (MDB) foi eleito prefeito de Belém (PA) no pleito de outubro e terá a missão de sediar a próxima COP30, em novembro de 2025.
Apoiado pelo primo, o governador Helder Barbalho (MDB), assumirá em janeiro.
Ele conversou com a coluna sobre os desafios de preparar a cidade para receber o evento global, que deve atrair cerca de 50 mil pessoas e representantes de mais de 200 países no ano que vem.
O senhor se sente preparado para o desafio de sediar a COP30?
Olha, é um grande desafio, mas também uma grande oportunidade para que a gente possa mostrar Belém para o Brasil e para o mundo. Belém, depois da COP30, vai ser a capital da Amazônia, e a gente precisa fazer com que a capital da Amazônia possa ser não só um atrativo para a discussão climática, do meio ambiente, mas também um atrativo para o turismo. Vai ser uma oportunidade para que a gente possa desenvolver a nossa cidade para as pessoas que vivem nela e para aquelas que, porventura irão nos visitar. Será uma grande oportunidade para que Belém possa voltar a ser a capital da Amazônia e dar a sua população uma condição digna de vida. Temos grandes investimentos acontecendo, com obras de macro drenagem de canais e pavimentação de ruas na periferia da cidade.
É a primeira vez que o senhor vem a uma COP, aqui em Baku??
Essa é a primeira vez que venho e saio daqui com a certeza de que nós temos não só a condição de sediar o evento, como mostrar para todo mundo que a COP das COPs vai acontecer na Amazônia e em Belém do Pará.
Tem alguma coisa que o senhor viu nesses dias que já pensa que não pode faltar em Belém?
Duas percepções que eu tive: a primeira é que enquanto muitos discutiam que não teríamos condições de realizar a COP, eu saio daqui com a certeza de que vamos fazer uma das melhores COPs que já existiram. Primeiro porque nós vamos estar fazendo a discussão sobre o clima e o meio ambiente na capital da Amazônia. Só por esse fator já é algo extraordinário. A segunda questão é que as pessoas precisam conhecer de fato aquilo do que elas estão falando. A gente tem muita gente que participa das COPs, que se interessa pelo tema, que contribui para o desenvolvimento sustentável, mas que não conhece aquilo que elas mais discutem e mais acabam trazendo soluções, e que é justamente as florestas. Quem vai para a COP em Belém vai ter a certeza de que vai conhecer os rios da Amazônia, a floresta amazônica e a capital do pulmão do mundo. Com todas as suas problemáticas, mas também com as suas soluções.
O senhor acha a cidade está preparada em termos de rede hoteleira, segurança?
Posso garantir que nós vamos ter todas as condições para receber as pessoas. Não vamos ser a Dubai, Paris. Vamos ser a capital da floresta. Quem vai atrás de grandes prédios, hotéis, de obras suntuosas, não vai encontrar. Vai encontrar o quê? Vai encontrar floresta, vai encontrar gente acolhedora, uma cultura diversa, culinária indescritível e vai fazer a discussão de meio ambiente e clima onde realmente acontece a preservação.
O senhor é oposição ao governo atual. Tem alguma coisa que o senhor vai refazer, ou vai manter da gestão atual?
Vamos assumir dia 1º de janeiro, e a COP já é em novembro. Se fosse mudar algo, prejudicaríamos o andamento da COP. As obras prioritárias que foram determinadas pela prefeitura, talvez eu pudesse ter escolhido outras. Porém, como já foram escolhidas, já tem aporte garantido, já com licitação, com obra, e, mesmo que com uma certa lentidão, eu tenho a obrigação de concluir. Meu papel nessa COP, enquanto gestor, é garantir que a gente tenha manutenção da cidade para receber bem os turistas, para garantir a nossa população mais qualidade de vida e que as obras que foram prometidas, que têm o carimbo da prefeitura, que sejam entregues até novembro. Vamos tocar as obras que estão em andamento, aquelas que estão em ritmo lento, nós vamos acelerar, e, aquelas que porventura ainda não começaram, vamos colocar para começar para que em novembro a gente tenha todas as obras da COP entregues.
Ser aliado do governador ajuda?
Ser aliado do governador ajuda e aumenta a responsabilidade. Eu acredito que a gente precisa ter, nesse momento, a responsabilidade de entregar para Belém tudo aquilo que ela merece. É uma cidade incrível e que precisa não só desse título de capital da Amazônia, de fato, mas precisa ser de direito realmente, a grande capital da Amazônia.
De alguma forma o exemplo da tragédia no RS ajuda a sensibilizar a população?
Falei hoje sobre isso, a população, de modo geral, via a discussão climática como algo muito distante. E a tragédia que aconteceu em Porto Alegre, com todas as suas problemáticas, com toda a tristeza que aconteceu, com todas as dificuldades, a única coisa que a gente pode tirar de lição é que a gente precisa discutir as mudanças climáticas, não está longe, está perto. Como aconteceu com Porto Alegre, poderia ter acontecido com outra capital brasileira. Então, é fundamental que a população possa ter a sua responsabilidade nessa preservação e que isso possa ser algo transversal, não só na população, mas através das grandes indústrias, dos gestores públicos, de todos qiue têm que contribuir para o equilíbrio do meio ambiente. É necessário que a gente possa tirar essa tragédia em Porto Alegre como uma lição para que realmente façamos os investimentos necessários e para que tomemos as atitudes necessárias para que a gente não passe mais por tragédias como essa.