Em menos de 12 horas, brasileiros que vivem no Líbano foram da esperança à frustração diante do adiamento do voo da FAB, que pousaria no aeroporto de Beirute nesta sexta-feira (4) para retirar os cidadãos da guerra.
Nessryn Khalaf foi acordada pela irmã, Amanda, às 4h da madrugada. A embaixada brasileira em Beirute enviou uma mensagem convocando os inscritos a estarem em frente ao prédio diplomático ao meio-dia desta sexta-feira. Nessryn, Amanda e a mãe, Nádia Gomes Jebai, deixaram a capital libanesa no fim de semana, em uma fuga desesperada diante dos bombardeios israelenses à capital. Se refugiaram em Faraiya, nas montanhas, a 46 quilômetros ao norte de Beirute.
Quando chegou a mensagem da embaixada, Nessryn viveu um sentimento ambíguo. O pai, Ayman Khalaf, não poderá embarcar. Pretende ficar no Líbano para cuidar de sua mãe, Dibe Achour, que tem câncer.
— É um sentimento muito estranho, complexo, porque meu pai vai ter de ficar para trás. Não está indo para o Brasil com a gente. Minha vó está doente, é libanesa, tem câncer, não caminha, não tem nem passaporte. Não teríamos como tirá-la daqui. Meu pai vai ter de ficar para trás para cuidar dela — contou.
Nessryn continua:
— Estamos felizes em poder voltar para o Brasil, mas é muito difícil deixar meu pai para trás, porque não sabemos se ele vai conseguir sobreviver.
Nesta sexta-feira, a família voltou para Beirute.
– Agora, estamos em uma região bombardeada anteontem. É bem perigoso, mas estamos aguardando, porque meio-dia temos de estar na embaixada – contou, ainda sem saber do adiamento do voo.
Notificada, a família decidiu voltar para as montanhas – são 45 minutos de carro entre Farayia e Beirute. Ariadas, elas esperam a repetição da cena da madrugada passada, quando uma mensagem de celular significou, por algumas horas, o alívio.
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