A coluna conversou com um militar israelense que atuou por dois meses nas operações contra o grupo terrorista Hezbollah na fronteira com o Líbano. Antes, ele havia participado das missões na Faixa de Gaza, logo após o ataque do Hamas, em 7 de outubro. Por questões de segurança, ele pediu para não ser identificado.
Veja o relato:
"Ficamos dois meses em uma base de artilharia. No Norte foi muito mais perigoso do que na Faixa de Gaza. Era míssil toda hora caindo, tínhamos de ficar em bunker. Foi uma temporada bem ruim. Caíam drones em cima da gente. Certo dia, um submajor viu os drones voando, saiu correndo, tropeçou e caiu. Os drones caíram em cima dele, mas não explodiram. Caíram como brinquedo. Quebraram. Dos seis aparelhos, dois não explodiram. Foi um milagre ter saído vivo. Naquele final de semana, eu estava em casa. Quando voltei para a base, como no caminho o sinal de celular é fraco, mandei uma mensagem para um amigo: "Vai me avisando, caso houver algo (outro ataque), eu paro na estrada e espero passar". Enquanto íamos, ele falou: "Parem, estão vindo mísseis, estamos indo para os bunkers". A gente parou. Depois de meia hora, ele disse que estava tudo ok. Quando estávamos chegando à base, ocorreu outro ataque. Ele correu para o bunker, só que, dessa vez, não conseguiu me enviar mensagem. Dentro do bunker não tem sinal. O que eu temia aconteceu: cheguei na base, abriram o portão, e só deu tempo de o soldado falar: "Corram para o bunker que está tendo ataque aéreo". No horizonte, eu ouvia barulho dos mísseis caindo e se aproximando da base. Um míssil caiu 40 metros de mim. A sorte é que, atrás de mim, havia uma grande cobertura de terra. Saí correndo para entrar no bunker. Foi a pior experiência. O que não passei em Gaza, sofri no Norte. A pior temporada da minha vida. Eles (o Hezbollah) atiraram mais de 40 mísseis de pequeno porte sobre a minha base. E os 40 caíram ao norte da base. Ou seja, erraram. Se tivessem acertado, minha base teria sido destruída. O Norte foi uma experiência horrível. A Faixa de Gaza é perigosa dentro, quando se entra. Mas o Norte é uma fronteira mais ampla, tem muito mais área com civis. É muito drone caindo, mísseis do tamanho de um ônibus caíram na frente da minha base."
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