O gaúcho sempre se orgulhou de ser um povo politizado, mais do que o resto do Brasil. E não se trata apenas de sermos bairristas: nossa história é feita de guerra e de política - quantas vezes decisões que tomamos aqui mudaram os rumos da República.
No primeiro turno, Porto Alegre foi a capital com maior índice de eleitores que não compareceram às urnas, 31,5%. Essa realidade é preocupante em municípios que sofreram com as enchentes de maio, como Canoas, mas também em áreas onde a tragédia não se fez presente: como Itaqui, Santana do Livramento e Uruguaiana, que lideraram o ranking da abstenção.
Há cansaço devido à polarização, é evidente a descrença na classe política e até um certo desânimo. Mas a vida ocorre na pólis. É no nosso bairro, nas nossas cidades, que conseguimos mudar mais facilmente a vida da comunidade: é sobre o buraco de rua, a escola de ensino infantil, o posto de saúde, a limpeza urbana, a qualidade dos ônibus, a frequência de linhas e as condições das paradas ônibus.
Por tudo isso já seria importante votar nesse segundo turno. Mas ainda há um elemento que torna esse pleito diferente: vivemos, no Rio Grande do Sul, a maior tragédia ambiental da nossa história. Ambiente, proteção contra cheias, a situação dos bueiros, da drenagem urbana e sustentabilidade começam na cidade. É zeladoria.
Que o tom belicoso dos últimos dias arrefeça, que se volte ao espírito de paz do primeiro turno, de debate de ideias e sem agressões. E que a frase da ministra Carmen Lúcia, presidente do TSE, ecoe:
— O voto é uma bênção democrática. Em nome dos que vieram antes de nós e que lutaram para que nós tivéssemos esse direito fundamental de votar, em nome dos que vierem depois de nós, que precisam de ter um Estado democrático, uma sociedade democrática da qual o voto é um gesto da participação livre.
Um excelente domingo de eleições e um bom voto a todos!