O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
O trânsito da Capital teve redução no número de vítimas em agosto. Após meses – de janeiro até julho – registrando uma média mensal de 7,7 óbitos no trânsito, agosto de 2024 registrou apenas uma morte.
O dado é celebrado pela Empresa Pública de Transporte e Circulação de Porto Alegre (EPTC), já que o primeiro semestre acendeu um alerta de preocupação na entidade. Na comparação, os seis primeiros meses de 2023 registraram 28 mortes. Já neste ano, foram 45, ou seja, aumento de aproximadamente 60% entre os períodos.
Para o presidente da EPTC, Pedro Bisch Neto, há um sentimento similar a um estresse pós-traumático na população, que pode estar colaborando com o crescimento dos acidentes na Capital.
— Primeiro, o que é o acidente? É uma pequena falha. “Achei que dava”, “eu sempre dobro aqui”, ou “mas isso aqui nunca aconteceu antes”. Sempre tem um pequeno errinho. E é a pequena falha que está associada a ideia de equilíbrio, sensatez e cautela, que são coisas que estão ligadas aos pensamentos e virtudes da mente das pessoas – diz.
Bisch Neto também destaca o que chama de exasperação, que é o estado de irritação.
– Anita Garibaldi, Barão do Amazonas, Riachuelo na esquina com Marechal Floriano. São ruas normais e em todas teve capotamentos. Isso é exasperação. Estamos correndo em ruazinhas.
Entre as causas para o aumento, a EPTC destaca três fatores clássicos: excesso de velocidade, uso de álcool e falta de habilitação. Porém, o presidente destaca ainda mais um fator:
— O uso do celular. Não temos estatísticas de comprovem isso, pois muitas vezes é escondido. Se está falando com o telefone na orelha, o guarda olha e multa, mas muitas vezes o aparelho está no colo, abaixa a cabeça para olhar para a tela, ou está digitando e acontece o acidente — afirma.
Com o objetivo de frear o crescente número de casos, a EPTC colocou em prática, ainda em julho, ações como aumento da fiscalização, radares móveis e ações da balada segura, além de divulgação dos números de acidentes.
— Vamos tentar, daqui para frente, mostrar que é possível. Que a melhor maneira, talvez, de se recuperar das tragédias é ser melhor do que antes. Esse número de agosto mostra que é possível. A grande pergunta é como faz para não ser fogo de palha? Vamos manter esse clima.
Há 25 anos, Porto Alegre registrava uma média de 200 mortes por ano. O número caiu ao longo dos últimos dois anos. Em 2022 foram 74 e em 2023 foram 71. Atualmente, Porto Alegre conta com 850 mil carros e 90 mil motos.
Lei do amarelo piscante
Sobre a lei sancionada no mês passado para permitir o uso do amarelo piscante nas sinaleiras entre 0h e 5h, o presidente cita que não há uma regra que classifique qual cruzamento pode ou não ter o sistema e, por enquanto, está em análise por parte dos técnicos da EPTC.
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