O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
Durante a enchente de maio, todos os setores foram, de certa maneira, afetados. O turismo da Capital não foi diferente. E com ele, uma série de ramos que vêm na esteira acabaram sofrendo. Se não tem turista, o hotel fica sem clientes, o restaurante não vende, o motorista de aplicativo fica em casa e até o vendedor do brique da Redenção fica parado. Agora, passados quatro meses da catástrofe, inicia-se a retomada do turismo de Porto Alegre.
Ainda com a água inundando bairros da Capital, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo começou a trabalhar para verificar quais os impactos.
— Passado o olho do furacão, começamos a trabalhar como iríamos mapear o impacto na economia e no turismo de Porto Alegre. Foram 45 mil empresas atingidas pela mancha de inundação, e o setor de turismo foi muito afetado em razão de que a maioria dos restaurantes da cidade ficam no Centro Histórico e no 4º Distrito, que foram as regiões mais afetadas. A questão da hotelaria também. Esse setor sofreu bastante dano físico e estrutural – explica a titular da pasta, Júlia Evangelista Tavares.
Entre os 45 mil afetados, estão inseridos restaurantes, hotéis, comércio varejista e outros setores. O maior impacto foi no ramo da alimentação, com 13 mil casos. Uns dos trabalhos da secretaria ainda durante a crise foi a prorrogação de alvarás para o período da enchente, isenção do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) para imóveis atingidos, entre outras ações.
No segundo momento, segundo a secretária, iniciou-se o período de reconstrução da cidade, tanto física quanto de autoestima:
— Como é que fazemos de novo essa promoção turística da cidade de Porto Alegre? Como incentivamos as pessoas a voltarem a consumir o produto local? A continuarem frequentando os restaurantes?
Um dos trabalhos que a secretaria está colocando em prática neste momento é a divulgação da cidade.
— Esse é o grande desafio, pois tem dois cenários: em um acham que o problema do RS está resolvido, que o dinheiro já chegou e que as pessoas já estão com casa e que esse é assunto passado, e o outro time acha que aqui nós estamos embaixo d’água, que todo mundo foi resgatado de bote, que não tem mais nada para se fazer e visitar. Então, precisamos atacar os dois problemas — explica.
Para “atacar” esses dois pontos, Júlia destaca duas ações que a pasta vem colocando em prática: a cobrança de auxílios ao governo federal para os afetados, com idas a Brasília e reuniões com o Executivo, e a promoção da Capital em feiras do setor, mostrando os diferenciais e atrativos que Porto Alegre pode apresentar.
Idas a Brasília
A secretária e representantes do setor estiveram em Brasília em algumas ocasiões ao longo deste ano. Ainda em julho conversaram com com o presidente da Câmara, Arthur Lira, e com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pedindo a suspensão dos contratos de trabalho e o aumento da mancha de inundação para facilitar o acesso ao crédito por parte das empresas. Na última semana, mais uma viagem foi feita à capital federal.
— Conseguimos uma audiência com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio. O nosso trabalho tem sido todo feito nesse sentido, para facilitar o acesso a crédito para dar mais fomento às empresas que foram atingidas direta ou indiretamente — pontua — Hoje em dia, só pode retirar o crédito quem está na mancha de inundação. Sendo que muitas empresas não estão na mancha, mas não tem fluxo. Como são os hotéis com fechamento do aeroporto. Ele não foi atingido pelo alagamento, mas ele não tem público — completa.
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