A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) acaba de divulgar um relatório detalhado que deveria servir de alerta para a população de Porto Alegre. Não só pelo elevado número de mortes no trânsito, o que, por si só, já deveria, com o perdão do trocadilho, fazer acender o sinal vermelho em todos nós. Mas principalmente pelo caráter educativo por trás dos números.
Nos sete primeiros meses do ano foram registradas 53 mortes no trânsito. Foram 16 óbitos a mais do que no mesmo período no ano passado (em todo 2023, foram 71).
Os principais fatores são velhos conhecidos: velocidade excessiva ou inadequada; condutor sem CNH regular; comportamento imprudente e alcoolemia.
Foram registrados 7.349 incidentes, que resultaram em 3.556 pessoas feridas até julho.
O relatório traz dados que servem não apenas para que todos nós, atores do trânsito - enquanto pedestres, ciclistas, usuários de patinetes, motoristas e motociclistas -, coloquemos a mão na consciência sobre nossas condutas ao sairmos às ruas, mas também a título de prevenção.
Conforme o documento, a maior causa dos sinistros de trânsito é o abalroamento (colisão lateral em movimento), o qual soma 3.143. Embora na participação de acidentes fatais a moto correspondam a 49% do número de mortes, o carros são o de maior participação com o envolvimento de 10.293 veículos em acidentes.
Em relação aos cruzamentos com maior número de acidentes registrados no período, três cruzamentos da Av. Ipiranga apresentam-se como os de maior risco:
- Ipiranga com João Pessoa
- Ipiranga com Silva Só
- Ipiranga com Erico Verissimo
A EPTC chama atenção também para os cruzamentos da Bento Gonçalves com Antônio de Carvalho e Arthur Rocha com Anita Garibaldi.
Veja mais dados
Mortes no trânsito
- A via urbana com maior número de acidentes com morte foi a Av. Sertório, na Zona Norte, com três casos que resultaram em quatro vítimas fatais. Em segundo lugar fica a Avenida Edgar Pires de Castro, na Zona Sul,, com dois episódios e três mortes. Na sequência, com dois sinistros e uma morte cada um ficam Avenida Ipiranga, Avenida Prof. Oscar Pereira, Avenida Teresópolis, Avenida Bento Gonçalves e Avenida João Antônio da Silveira.
- Das 53 vítimas fatais, 30 (56%) eram condutores; 20 (38%) pedestres e 3 (6%) ocupantes;
- Dos 30 condutores, 21 (70%) eram de motocicleta; 7 (23%) de automóveis e 2 (7%) eram ciclistas;
- Os 20 pedestres mortos foram atingidos: 12 (60%) por automóvel; 3 (15%) por ônibus, dois (10%) por caminhão e três (15%) por motocicleta;
- Das 53 vítimas fatais, as motocicletas estão envolvidas em 49% das mortes. Do total de vidas perdidas no trânsito, 22 eram motociclistas (21 condutores e um carona), três eram pedestres e um condutor de automóvel.
- Das 53 vítimas, 40 (75%) eram no gênero masculino e 13 (25%) feminino;
- Os dias da semana com mais morte foram sexta-feira e sábado com 11 (22%) cada um, seguido por quarta (16%) e terça (14%);
- A Zona Sul é a que mais contabiliza sinistros com morte, 20 (40%), seguida leste 14 (28%), norte 12 (24%) e, o centro, tem o menor número, 4 (8%);
- Nos 50 sinistros com morte, 20% apresentavam ao menos um dos condutores envolvidos sem CNH regularizada ou sem CNH;
- A idade média das vítimas é de 44 anos, sendo que dos 21 condutores de motocicleta é 34 anos.
Idosos
Os 10 idosos mortos representam 19% do total de vítimas, sendo que sete eram pedestres, um condutor de automóvel, um carona de motocicleta e um ciclista. Os primeiros sete meses do ano teve o menor percentual de idosos mortos nos últimos anos, sendo que em 2023 o percentual foi de 26%. A idade média dos 10 idosos é de 74 anos, sendo 70% masculino; No turno da noite (18-24h) ocorreram 40% dos sinistros com morte de idosos, 30% no da tarde e 30% pela manhã.
Relação do álcool com as vítimas fatais
- 8 (16%) tiveram envolvimento com alcoolemia;
- 22 (44%) estão aguardando laudo do DML ou investigação policial;
- 20 (40%) não tiveram alcoolemia como fator de risco, incluindo os laudos concluídos do DML, os casos que não houve coleta e os que não apresentavam indícios de alcoolemia positiva.
EPTC intensifica ações de fiscalização
A EPTC tem intensificado as ações de fiscalização e educação com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância do cumprimento às regras de trânsito para a preservação da vida. Em julho, a Escola Pública de Mobilidade realizou 48 ações de educação para o trânsito, sendo 17 voltadas para motociclistas. No âmbito da fiscalização foram realizadas 561 autuações, registrados 128 problemas com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), 116 recolhimentos de veículos e 167 documentos recolhidos, além de 17 pessoas em que nas abordagens foi constatada a ingestão de álcool.
— O que estamos observando é que há uma questão maior envolvida neste aumento do número de mortes, onde aspectos de educação, orientação, comunicação social são relevantes. No trânsito, precisamos de um ambiente de maior serenidade, de maior prudência. Estamos fazendo o que é possível com ações de fiscalização, educação e também de engenharia viária, mas achamos que a sociedade, como um todo, precisa se dar conta de que passou por um grande trauma ambiental, que foi enchente, e que isso parece que segue refletindo no comportamento, haja vista a gravidade e nível dos acidentes que estamos registrando. O número de capotagens, por exemplo, que observamos em ruas mais calmas e de colisões entre veículos resume bem esse cenário. Reforço a importância do respeito às leis de trânsito para que possamos salvar vidas — afirma o presidente da EPTC, Pedro Bisch Neto.
Fiscalização mês de julho
- Operações: 44
- Abordagens: 2233
- Autuações: 561
- Situações envolvendo alcoolemia: 17 Problemas com Carteira de Habilitação: 128 Recolhimentos veículos: 116
- Recolhimentos Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo: 167
Radar móvel julho de 2024
165 veículos foram flagrados circulando acima de 90 km/h, destes 31 acima de 100 km/h, destes 88 veículos circulando acima da velocidade foram flagrados pela manhã, 71 à tarde e seis à noite, sendo 102 carros e 63 motos.
As maiores velocidades foram constatadas na Assis Brasil, Pereira Franco e Ipiranga.