Quando Donald Trump perdeu a eleição, em 2020, escrevi que o início da era Joe Biden no poder significava o retorno da "política normal" à Casa Branca. Obviamente, me referia à volta do respeito entre os Poderes da República e às instituições americanas. Menos espetáculo e mais democracia.
Afirmar que há uma "política normal" significa supor que há também uma "política anormal". A definição clássica do termo "política", aliás, segundo o célebre "Dicionário de Política", de Norberto Bobbio, indica que é "tudo o que se refere à cidade e, conseqüentemente, o que é urbano, civil, público, e até mesmo sociável e social". Mais: refere-se às várias formas de governo, com a significação mais comum de arte ou ciência do governo.
O Google simplifica: "arte ou ciência de governar". Nesse sentido, não seria toda ação humana política: do terrorismo do Hamas, passando pela pós-verdade de Trump, a ditadura de Nicolás Maduro, o populismo de Lula e Bolsonaro, e chegando às lacrações de Pablo Marçal?
Aliás, o modus operandi do candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo não é novo. Um dos primeiros expoentes desse estilo foi Beppe Grillo na Itália. Comediante e blogueiro, ele fundou em 2009 o Movimento 5 Estrelas, que se autodeclarava apolítico, anti-estrablishment e qualquer coisa do gênero. Quatro anos depois, o grupo se transformou na terceira maior força... política do país. Sim, tudo é política.
Contra a baixaria
Segundo a pesquisa Quaest contratada pelo Grupo RBS, só 29% dos entrevistados em Porto Alegre estão muito interessados na eleição, enquanto 45% responderam pouco e 24%, nada. O clima morno da campanha, no entanto, não é de todo ruim. Ao contrário: esse ambiente é muito mais propício para troca de ideias do que, por exemplo, a baixaria da eleição em São Paulo.
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