Pablo Marçal, o candidato à prefeitura de São Paulo pelo PRTB, faz Donald Trump ou Jair Bolsonaro parecerem atores políticos do paleolítico das redes sociais. Ele representa o trumpismo/bolsonarismo 2.0.
Se os ex-presidentes americano e brasileiro contratavam exércitos de militantes para atuarem em suas redes sociais, Marçal torna o "trabalho" dos seguidores uma competição em que ganhar dinheiro é quase uma diversão: o ex-coach/empresário coloca seus seguidores para se ocuparem de sua candidatura tanto por meio de campeonatos pelos melhores cortes, segundo denúncia que levou à decisão da Justiça pela retirada do ar de suas redes sociais, quanto com o aproveitamento do mecanismo do algoritmo que engaja pela emoção, pelo conflito e, claro, pelo bizarro.
Mais do que o uso de recortes de vídeos, linguagem mais orgânica das redes atuais, Marçal adota outro modelo das mídias como TikTok e Instagram: a trollagem, a provocação do adversário para despertar a reação - se for violenta, melhor, até porque, certamente, será captada por alguém do Big Brother da vida política atual.
Tamanho gingado para lidar com as redes abre uma disputa sobre quem representa, de verdade, a bandeira da direita: o bolsonarismo oficial tem em Ricardo Nunes seu representante na capital paulista, e em Marçal, o dissidente. Todos alimentam-se do antipetismo em particular e da anti-esquerda em geral. Por enquanto, a guerra fratricida no conservadorismo está restrita a São Paulo, mas, em breve, deve se nacionalizar.