O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
Os resultados do primeiro e do segundo turno na França foram antagônicos. Se na primeira votação a extrema direita do partido Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen, teve a maioria dos votos, a união de esforços de Emmanuel Macron e de partidos de esquerda fez com que 43 milhões de franceses fossem às urnas e dessem a maioria das cadeiras para o partido de esquerda Nova Frente Popular (NFP).
O cenário está posto: a NFP terá o maior número de cadeiras, seguido do "Juntos" - o partido de Macron. Em seguida o RN de Le Pen e por fim os republicanos. Nenhuma corrente obteve a maioria absoluta de 289 representantes. Alcançar essa marca seria importante, já que o partido que tem a maioria indica o primeiro-ministro.
O primeiro a se pronunciar após o fechamento das urnas foi Jean-Luc Mélenchon, líder da coalizão de esquerda. Já no começo da tarde ele proclamou que Macron deveria "admitir derrota e formar governo com a esquerda" e pediu que o presidente destituísse Gabriel Attal, atual primeiro-ministro, e nomeasse um representante da esquerda. Há a possibilidade de o próprio Mélenchon, que é conhecido por visões políticas mais radicais, se lançar ao cargo ou abrir a possibilidade de outros nomes que se juntaram na coalizão.
Jordan Bardella, líder do RN, jovem de 28 anos, se pronunciou afirmando que o resultado era um "regresso da política francesa", contudo não deslegitimou o resultado das urnas. Aceitou e afirmou que "era o início de uma nova era". Na França, a "república" e a "democracia" é um dos grandes símbolos e que todos primam pela sua preservação.
Próximos passos
Pouco tempo depois, o atual primeiro-ministro disse que vai anunciar a sua demissão na manhã desta segunda-feira (8). Similar ao discurso de Bardella, ele também afirmou que é o início de "uma nova era".
Agora, a decisão está nas mãos de Macron, que deve se pronunciar somente na segunda. Cabe a ele a escolha do novo primeiro-ministro, seja do seu partido ou da Coalizão. Uma coisa é certa: terá de conversar com os partidos de esquerda, pois até 2027 ele está na presidência e precisa de apoio para continuar trabalhando, para não ter mais um antagonismo francês.