Oxalá o ápice da crise que acomete o Rio Grande do Sul tenha sido superado, Porto Alegre vive nesta quarta-feira (22) duas situações do ponto de vista do alagamento: a região Central, onde a água começa a baixar, graças a ações inteligentes da prefeitura da Capital, como a abertura de comportas para o escoamento. E na Zona Norte, ainda submersa, onde moradores, comerciantes e empresários sequer conseguiram retornar a seus imóveis para verificar a situação.
É preocupante a declaração do diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), Maurício Loss, ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, segundo o qual não há como prever uma data de quando a situação será resolvida. Pior ainda é a sensação de impotência que desperta na população ao dizer que "precisamos também da ajuda da natureza". Ora, se esperarmos, única exclusivamente da natureza, ela não irá colaborar: não só porque a previsão é de chuva intensa nos próximos dias no Estado, mas principalmente porque fenômenos externos são e serão cada vez mais frequentes. E a culpa não é da natureza.
Todos sabemos o volume colossal de água que despencou sobre o Rio Grande do Sul nas últimas semanas — e o quanto é complexa a operação de drenagem da Capital. Mas chuva não mata ninguém — o que mata é inoperância, infraestrutura adequada, falta de planejamento e de manutenção de equipamentos, ausência de sistemas de alerta e negligência. Ora, metas são... metas. Em cenários voláteis, estimativas podem ser revistas. Não se exige do poder público datas fixas, mas o que a população da Zona Norte espera, mais que isso, suplica é uma luz no fim do túnel.