Em meio à disseminação de desinformação ("fake news") sobre a tragédia no Rio Grande do Sul, acionistas estrangeiros da Meta, grupo proprietário do Facebook e do Instagram, irão votar, no próximo dia 29, uma proposta que exige maior responsabilidade da rede social em relação aos impactos negativos em direitos humanos no Brasil e outros mercados da empresa em países em desenvolvimento.
A resolução foi apresentada pela Ekō, organização global sem fins lucrativos que advoga por responsabilidade corporativa, e investidores institucionais da empresa, Akademiker Pension, da Dinamarca, e Storebrand, da Noruega. Fundador do Facebook, Marck Zuckerber detém a maioria das ações do grupo, que conta com outros investidores.
A resolução demanda que a Meta esclareça a "eficácia das medidas de prevenção e mitigação dos riscos aos direitos humanos" nos seus maiores mercados fora dos EUA. Isso inclui disseminação de desinformação, ataques de ódio e incitação à violência. A proposta será votada durante o encontro anual de acionistas dia 29 de maio.
Segundo a Eko, a resolução surge em meio às enchentes históricas no Rio Grande do Sul, "situação que têm sido seriamente impactada pela quantidade e gravidade dos conteúdos de desinformação e teorias da conspiração disseminadas pela extrema direita".
A organização cita que agências de checagem estão trabalhando incansavelmente para endereçar conteúdos nocivos, tais como:
Alegações que doações da população estavam sendo reembaladas com selo do Governo federal
Que o governo brasileiro recusou doações para o Rio Grande do Sul vindas de Portugal
Que apenas a internet da 'Starlink', de Elon Musk, estaria funcionando no estado
Áudio antigo sobre forças de resgate israelenses em Brumadinho, como se estivesse ocorrendo durante as operações de resgate no RS
Número falso de mortes ocorridas em hospitais
Os conteúdos mais nocivos tentam desacreditar autoridades federais e locais, sugerindo que órgãos oficiais estejam negando e dificultando doações e resgate às vítimas. Outras narrativas promovem negacionismo das mudanças climáticas, e uso descontextualizado de áudios, vídeos, textos e dados oficiais.
Apesar da plataforma anunciar medidas robustas de moderação de conteúdo e mais investimento em seus times de segurança, o grupo tem consistentemente falhado em aplicar suas próprias políticas, colocando em risco eleições cruciais ao redor do mundo.