O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
A cada cem cigarros comercializados no Rio Grande do Sul, 20 deles são do mercado ilegal. Além disso, o setor criminoso movimentou R$ 721 milhões no Estado no último ano. O levantamento é do Fórum Nacional contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP), que também aponta que somente no primeiro trimestre deste ano duas fábricas ilegais foram fechadas no Brasil, sendo uma delas em Cristal, no sul do RS.
Conforme o presidente do FNCP, Edson Vismona, o mercado ilegal de cigarros se tornou de alto lucro e de baixo risco, com fenômenos econômicos e criminosos com impactos na segurança da sociedade.
— O grande atrativo é não pagar imposto. Os produtos brasileiros legais pagam impostos, no caso do cigarro, de 70%, e o contrabandeado não paga nada — explicou a coluna. — A média do produto comercializado no Brasil é de R$ 7 e o contrabandeado fica na faixa de R$ 4.
Diante disto, o FNCP estimativa perdas de R$ 198 milhões de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), além de que R$ 3,2 bilhões deixaram de ser arrecadados no Estado com o mercado ilegal de cigarros nos últimos cinco anos.
A maioria do cigarro ilegal que circula no Rio Grande do Sul vem do Paraguai e fica no próprio Estado, já que ele não é um local considerado de "de trânsito". Mas, segundo Vismona, também há fábricas ilegais sendo instaladas no RS devido a facilidade de produção e acesso a matéria-prima.
— Temos organizações criminosas de fora no Brasil atuando aqui e vice-versa. Também temos milícias, como no Rio de Janeiro, e temos organizações criminosas regionais, como é o caso do Rio Grande do Sul — comentou.
Nacionalmente, o mercado ilegal de cigarros movimenta o equivalente a R$ 10 bilhões em 2023. Ao todo, foram quase 39 bilhões de unidades de cigarros contrabandeados comercializados.