A discussão sobre a reforma da Guarda Municipal de Porto Alegre e, em especial, o plano de carreira dos servidores têm provocado divergências entre o Executivo e a categoria.
Na segunda-feira (24), o prefeito Sebastião Melo se retirou da Câmara Municipal, alegando falta de diálogo diante da manifestação dos guardas nas galerias. O chefe do Executivo apresentaria o relatório do Programa de Metas (Prometas), mas, diante do protesto dos servidores, decidiu suspender a fala e deixou o recinto.
O que dizem os Guardas Municipais
À coluna, Sadir Nunes, vice-presidente do Sindiguardas-RS, explicou que "em nenhum momento o prefeito foi impedido de falar ou teve sua honra atacada".
- O que ocorreu foi uma simples, mas forte manifestação de desagravo em relação às políticas de valorização da classe dispensadas pelo prefeito - explicou.
A categoria diz que o plano de carreira foi construído de forma unilateral, sem participação das entidades, que, segundo Nunes, prejudica os guardas mais antigos e divide a corporação.
Em nota, a Associação dos Guardas Municipais de Porto Alegre (AGMPA) salienta que há mais de dois meses os servidores se manifestam ordeiramente às segundas-feiras na Câmara, pedindo a retirada do projeto. "Diante desses fatos, queremos ainda salientar que foi ideia do prefeito encerrar as negociações com a classe e enviar o projeto ao legislativo. O prometido por ele (testemunhado) em mesa de negociações, era de que isso não ocorreria, caso um consenso não fosse alcançados. Ou seja, a estratégia do vitimismo adotada pelo prefeito não combina com seu discurso.
O que diz Sebastião Melo
À coluna, o prefeito Sebastião Melo afirmou que, desde janeiro de 2021, vem trabalhando no plano de carreira para Guarda:
- Enfrento esse tema, desde que a gente possa gradativamente não ter um gasto de uma vez só, tem de ser uma adaptação pelos próximos quatro anos, cinco anos, mas tem de ser para guarda que esteja na rua, preparada, que faça segurança pública. E não o contrário. Se eu fizer um plano do jeito que eles estão reivindicando, não melhoro a segurança pública e vou quebrar a prefeitura. Isso não vou fazer. Nunca me neguei a recebê-los. Agora, é uma questão instransponível. O que eles querem, não vou conceder.
Sobre o episódio de segunda-feira (25), na Câmara, o prefeito reiterou que foi impedido de falar e que, por isso, se retirou:
- Quem não tem paciência para ouvir, não está autorizado a falar. Respeito quem pensa diferente e trato isso com normalidade. Continuo com a agenda aberta, disponível para conversar. O diálogo e construção são base da boa política, mas, quando você parte para uma eleição antecipada, "Fora, Melo", o que está em discussão é a eleição e não o interesse da cidade.