Agora, é corrida contra o tempo. Depois da pausa de um dia estabelecido pela organização da COP28, na quinta-feira (7), as negociações da conferência do clima, em Dubai, foram retomadas nesta sexta-feira (8) e entraram em uma fase decisiva. O texto final precisa estar pronto até terça-feira (12), e, até lá, muito diálogo será necessário, inclusive no final de semana, para um acordo.
Foi divulgado o terceiro rascunho do texto do "balanço global", que é o principal tema dessa COP28. Esboços anteriores falavam em eliminação dos combustíveis fósseis até 2050, o que animou ambientalistas. Agora, o novo rascunho apresenta uma linguagem próxima da eliminação progressiva desse tipo de fonte energética. No entanto, não há diferenciação entre prazos para países desenvolvidos e em desenvolvimento, o que está sendo criticado pelas nações mais pobres.
Pelo que se pode sentir das rodadas de negociação até agora, há grande possibilidade de o texto final não ser explícito em eliminar os combustíveis fósseis, mas existe ainda chances de que traga o compromisso das partes (os países) em reduzir seu uso. Nesse caso, cada palavra será medida. Há duas opções:
1) Os países se comprometem com a “eliminação progressiva, ordenada e justa dos combustíveis fósseis”.
Ou...
2) Os países afirmam ser necessário “acelerar os esforços no sentido da eliminação progressiva dos combustíveis fósseis e reduzir rapidamente a sua utilização".
O novo texto em análise fala em "combustíveis de transição" (até a eliminação dos fósseis) - o que não está claro que fontes poderiam ser essas: além das renováveis, pode ser entendido como o uso de combustíveis menos poluidores, embora ainda assim de origem fósseis, como o gás natural.
Cresce também a expectativa sobre o senso de urgência em conter a elevação da temperatura do planeta. A meta do 1,5ºC (em relação ao período pré-Revolução Industrial) deve estar presente no texto final. Ninguém mais fala em 2ºC, algo como um limite estabelecido pelo Acordo de Paris.
Nesse clima acelerado, os países deverão nos próximos dias definir também as regras do fundo de perdas e danos, aquele mecanismo fechado no primeiro dia e que estabelece um valor para acesso de nações em desenvolvimento que estejam vivendo danos de eventos climáticos - no entendimento de especialistas e dos próprios negociadores brasileiros, o Brasil poderia acessá-lo.
Ainda assim, espera-se que nos próximos dias mais países anunciem maiores doações para o fundo.
Em relação ao balanço global do Acordo de Paris, além da possível projeção de eliminação de combustíveis fósseis, os países precisam avaliar, claramente e realisticamente, onde estamos e para onde vamos em relação aos compromissos do tratado.