É possível interpretar a reportagem de Luiz Dibe sobre o número de novos registros de armas de fogo a partir de duas perspectivas: a metade do copo cheia ou a metade do copo vazia.
Sim, o Rio Grande do Sul é o Estado brasileiro no qual mais pessoas pediram novas licenças para posse e porte de armas. Mas a redução, em relação aos primeiros seis meses do ano passado é tão notícia quanto a frase acima: o número de pedidos caiu pela metade no mesmo período no ano passado.
O impacto das medidas do atual governo, que restringiu as armas em todo o país, é impressionante - e ainda não reflete a nova política de desarmamento assinada só em julho. As medidas a que me refiro são do primeiro decreto de Lula, de 1 de janeiro de 2023. Aquele texto foi uma espécie de revogaço em relação às medidas do governo Jair Bolsonaro.
Já impunha várias restrições: suspendia novas licenças para os chamados CACs (caçadores, atiradores e colecionadores) e suspendia novas licenças para clubes de tiro, por exemplo. Também foi uma espécie de transição para a nova política de desarmamento, que veio a ser assinada agora, em julho, e que é ainda mais rígida. Mas aquele decreto já gerou um efeito impressionante nos números.
Os números nacionais mostram redução ainda maior. Caíram de 60 mil para 11 mil os pedidos de novos registros. Ou seja, é cinco vezes menor o número de pedidos em relação ao ano passado. Uma queda brutal!
Como diz o policial federal na reportagem de Dibe, é notória a relação cultural dos gaúchos com armas. E, mais uma vez, o tema polariza: quem defende restrições ao porte e posse de armas acredita que quanto menos equipamentos circulando, menor o risco de violência e de eles caírem em mãos de criminosos; quem é a favor de maior liberação entende que armas nas mãos do cidadão inibem a ação de criminosos.