Enquanto pais, dirigentes de escolas, educadores e autoridades se preocupam cada vez mais com o risco de ataques e aumentam a segurança nas instituições, as redes sociais parecem viver em um mundo a parte. A postura do Twitter, em uma reunião nesta semana, no Ministério da Justiça, em Brasília, comprova uma atitude arrogante, insensível e irresponsável diante de tragédias como as que ocorreram recentemente em São Paulo e em Blumenau (SC).
Pessoas que participaram do encontro relataram que uma advogada da empresa disse que um perfil com foto de atiradores ou perpetradores de massacres em escolas não violava os termos de uso do Twitter e que não se tratava de apologia ao crime.
O posicionamento provocou indignação entre os participantes da reunião, entre eles o ministro da Justiça, Flávio Dino, e a assessora especial de direitos digitais, Estela Aranha. Como prova da inação do Twitter em relação aos episódios recentes de violência em escolas, as autoridades mostraram imagens postadas na rede de crianças agredidas, ameaças e músicas enaltecendo os ataques. Os representantes da empresa desdenharam das colocações, o que fez Dino e Estela elevarem o tom.
Tão grave quanto essa postura é o fato de o Twitter ainda exibir postagens desse tipo quase uma semana depois do horror em Blumenau.
No sábado (8), o ministério pediu a exclusão de centenas de contas em redes sociais que fizeram publicações com hashtags relacionadas a ataques contra escolas. A reunião de segunda com representantes das big techs tinha o objetivo de solicitar que elas aplicassem a esses grupos que organizam e incentivam atos de violência o mesmo rigor que, hoje, já existe para crimes como pedofilia. Pelo jeito, o efeito foi pequeno no caso do Twitter, ainda que representantes de outras companhias também tenham ficado chocados com a declaração da advogada da empresa de Elon Musk. Também estavam presentes funcionários da Meta, Kwai, TikTok, WhatsApp, Youtube e Google.
Essa atitude da rede social deve servir de justificativa para o governo acelerar o projeto de regulamentação das big techs. O tema é tratado como prioridade pelo governo federal, liderado pelo próprio Ministério da Justiça, desde os ataques às sedes dos três poderes, em 8 de janeiro.