Nesta sexta-feira (8), uma hora e 15 minutos antes de a Seleção entrar em campo contra a Croácia, no Catar, Luiz Inácio Lula da Silva irá anunciar o primeiro bloco de nomes de seu time para o futuro governo. A se considerar os atrasos dos inícios das coletivas do presidente eleito (e seu gosto por futebol), não será surpresa se a escalação vier só depois da partida no Golfo. A convocação aos jornalistas veio seca: "O presidente eleito irá conversar com a imprensa amanhã, no CCBB, às 10h45min".
O jogo do Brasil até pode ofuscar o anúncio dos nomes (e isso talvez seja proposital até), mas não evitará as reações do mercado e o burburinho na caserna.
Além do governador Rui Costa (Bahia) e do ex-governador Flávio Dino (Maranhão), que, respectivamente, devem ficar com a Casa Civil e a Justiça e Segurança, Lula decidiu finalmente ceder à sugestão de assessores e proclamar, o mais cedo possível, os escolhidos nas áreas mais sensíveis do futuro governo: a Fazenda e a Defesa, não necessariamente nessa ordem.
A ideia inicial de Lula era só revelá-los após a cerimônia de diplomação, na segunda-feira (12). Recuou. Em 2002, ao ser eleito pela primeira vez, ele levou 44 dias para anunciar Antônio Palocci na Fazenda. A se confirmar que o anúncio ocorra de fato nesta sexta, terá demorado 39 dias. Por pouco, não fechou no mesmo prazo.
Não deve haver novidades: o ex-prefeito de São Paulo foi submetido a test-drive no Egito, em Portugal, na Faria Lima e nos corredores de Brasília, nesta quinta-feira (8), inclusive, tendo encontro com o atual ministro da Economia, Paulo Guedes. Salvo mudanças de rota de última hora, chefiará, mesmo, o ministério da Fazenda (com a troca de nome da pasta - e com a partição em três).
Anunciado a portas fechadas entre interlocutores em Brasília ao longo da semana passada, o ex-deputado e ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Monteiro ficará à frente da Defesa. Logo, será um civil a comandar as três Forças Armadas, como orienta a tradição, quebrada por Michel Temer e Jair Bolsonaro.
A ideia é que, já a partir desta sexta-feira (9), ele possa iniciar conversas com os atuais comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica e dialogar com os futuros. Tudo indica que Lula não quer inventar a roda nem tensionar ainda mais a relação com os militares: respeitará o critério da antiguidade entre os oficiais. Por essa lógica, o comandante do Exército será o general Júlio Cesar de Arruda, chefe do Departamento de Engenharia e Contrução. Na Marinha, o almirante Renato Rodrigues Aguiar Freire, e na Aeronáutica, o brigadeiro Marcelo Damasceno. Esses últimos ocupam a chefia do estado-maior de cada uma das forças.