O pedido do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que anule votos de urnas eletrônicas que considera "comprometidas" vem após dois movimentos nesta semana que buscam manter aceso algum tipo de esperança entre aqueles seguidores de Jair Bolsonaro que ainda aguardam em frente aos quartéis uma virada de mesa.
O candidato à vice na chapa da reeleição, general Braga Netto, pediu a manifestantes em frente ao Palácio da Alvorada que não perdessem a fé e disse "é só o que posso falar para vocês, agora". Em outro momento, em áudio a um grupo de amigos, o ministro do Tribunal de Contas da União Augusto Nardes disse que havia "um movimento forte na casernas". O tom evasivo, dileto dos adeptos de teorias da conspiração, era o mesmo.
A ação de Costa Neto no TSE pede que sejam invalidados os votos de urnas eletrônicas antigas - modelos UE2009, UE2010, UE2011, UE2013 e UE2015. Apenas os equipamentos modelo US2020 seriam "auditáveis", segundo a peça.
As "novas" representariam 40,82% das urnas utilizadas - e essas, obviamente pelo cálculo de Costa Neto, teriam dado 51,05% dos votos para Bolsonaro no segundo turno. Ou seja, ele está pedindo que sejam desconsideradas 59,18% das urnas utilizadas.
Entre os militares, as declarações de ruptura constitucional de Braga Netto não colaram, por mais que, nos quartéis, o antipetismo impere. Entre os pares de Nardes, no TCU, a reação foi de irritação no que consideraram blefe do colega.
Resta saber o que os companheiros de partido de Costa Neto acham sobre seu movimento. Afinal, no primeiro turno, foram essas mesmas urnas que agora o PL questiona que garantiram a eleição de oito senadores e 99 deputados do partido, somando a maior bancada eleita na Casa em 24 anos.