Três dos mais importantes jornais do mundo observam, com lupa, a sucessão de decisões da Suprema Corte e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro e apoiadores, destacando o crescente papel político desempenhado pelas mais altas instâncias da Justiça brasileira.
Na sexta-feira (21), o americano The New York Times disse que o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, tornou-se a pessoa que decide "o que pode ser dito online no Brasil", ao se referir à resolução aprovada pela Corte, no dia anterior, que permite ao TSE agir de ofício - ou seja, sem ser convocado pelo Ministério Público ou por advogados - em casos que já tenham tido decisões sobre conteúdo idêntico. O título é provocativo "Para lutar contra mentiras, Brasil dá a um homem poder sobre os discursos online".
Conforme o autor do texto, o jornalista Jack Nicas, o poder conferido ao tribunal, de determina que plataformas removam publicações, "é uma das ações mais agressivas tomadas por qualquer país para combater informações falsas". E acrescenta: "Ao permitir que uma única pessoa decida o que pode ser dito online no período que antecede as eleições de alto risco (...), o Brasil se tornou caso de teste em debate crescente sobre até onde ir no combate às 'notícias falsas'".
Publicado no domingo (23), o texto do The Wall Street Journal entrou em gênero diferente, opinativo, uma vez que foi publicado por uma colunista - e não em reportagem.
Nele, Mary Anastasia O´Grady fez uma análise, afirmando que "a esquerda está tentando amordaçar o discurso político do país, com o objetivo de prejudicar Bolsonaro". "O grau de acirramento (da disputa eleitoral) se reflete nos movimentos recentes da Corte Eleitoral brasileira, composta por sete membros". E acrescenta: "Liderado por um juiz notoriamente anti-Bolsonaro, Alexandre de Moraes, o TSE conquistou poderes extraordinários e está usando-os para amordaçar os críticos de Lula".
Já o Financial Times, periódico econômico britânico com forte teor liberal, afirmou em título na segunda-feira (24): Juízes se juntam à briga na disputa eleitoral no Brasil. Assinada por Michael Pooler e Carolina Ingizza, a reportagem destaca que "a repressão à desinformação eleitoral renovou as acusações de que o Judiciário está muito politizado". A reportagem afirma que "na reta final do segundo turno, uma série de decisões colocou os principais juízes do país no centro de uma disputa altamente carregada.".