Um estudo realizado pela organização sem fins lucrativos Climate Central, em parceria com a Universidade Princeton, nos Estados Unidos, e com o Instituto Potsdam de Pesquisa de Impacto do Clima, da Alemanha, revela como o aumento da temperatura da Terra e a elevação do nível das águas devem afetar, na prática, diferentes regiões do planeta. Entre as mais de cem cidades analisadas está Porto Alegre.
Na simulação, aparecem diferentes cenários e o impacto da elevação do nível do Guaíba sobre a região do Gasômetro e do Anfiteatro Pôr do Sol. As simulações envolvem a possibilidade de a temperatura do planeta subir 1,2ºC, 1,5ºC, 2ºC, 3ºC e 4ºC nas próximas décadas.
Se ocorrer uma elevação de 3ºC (em comparação com a média pré-Revolução Industrial), o risco de danos é praticamente o dobro do que seria observado em uma subida ligeiramente menor, entre 1,5ºC e 2ºC.
Em Porto Alegre (veja abaixo), as alterações na Orla, com a elevação do nível do Guaíba, já são perceptíveis aos 2ºC.
No caso mais extremo, com elevação de 4ºC, todo o trecho 1 da Orla desapareceria, com a água invadindo a Avenida Edvaldo Pereira Paiva, chegando à Rua dos Andradas e ocupando todo o Parque Maurício Sirotsky Sobrinho e a área do Anfiteatro Pôr do Sol.
No trabalho, publicado na revista científica Environmental Research Letters, aparecem os impactos das mudanças climáticas em outras cidades brasileiras, como Salvador, Rio de Janeiro, Recife e Fortaleza, todas banhadas por mar. Chama atenção no caso de Porto Alegre, que é banhada por um lago, o Guaíba, mas que também sofreria impactos da elevação das águas. No resto do mundo, é possível observar as alterações nos cenários em cidades como Havana, em Cuba, Londres, no Reino Unido, e Sevilha, na Espanha, entre outras.
Veja como ficaria a região da Orla, em Porto Alegre.
Cenário atual
O trecho 1 da orla do Guaíba aparece com seu formato atual. A imagem mostra o Guaíba de tom marrom. O limite do lago é delineado por árvores. O Mirante Olhos Atentos, reinaugurado no sábado (15), está distante da água. A orla é acompanhada pela Avenida Edvaldo Pereira Paiva. À esquerda, aparecem alguns prédios do Centro e o Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. Ao fundo, vê-se a área do Anfiteatro Pôr do Sol e o Estádio Beira-Rio.
Cenário 1,1ºC
Com a temperatura subindo 1,1ºC, as mudanças são pouco perceptíveis. No marrom do Guaíba, aparecem bolsões em azul, indicando maior volume d'água, próximo ao local da Rótula das Cuias, do Anfiteatro Pôr do Sol, na região do Beira-Rio e à direita, no interior do lago.
Cenário com 1,5ºC
Os trechos de maior volume d'água aumentam de tamanho, mas ainda não se percebe avanço sobre a orla.
Cenário 2ºC
O volume d'água do Guaíba cresce consideravelmente. No trecho 1 da Orla, avança sobre a área de embarque e desembarque próximo ao Gasômetro. Também ocupa faixa de terra, submergindo árvores. Na área do Anfiteatro Pôr do Sol, o nível da água também aumenta.
Cenário 3ºC
O Guaíba ocupa toda a faixa de terra, até as escadarias e o calçadão do trecho 1 da Orla. A maioria das árvores está submersa. O mirante se projeta sobre a água, que ocupa a área dos bares. A Avenida Edvaldo Pereira Paiva ainda não é atingida, mas a água inunda todo o Parque Maurício Sirotsky Sobrinho e chega à Câmara Municipal. Na área do Gasômetro, o entorno está inundado. Também as ruas adjacentes, como dos Andradas e General Salustiano, estão ocupadas pela água.
Cenário 4ºC
É o cenário mais catastrófico. O Guaíba avança sobre todo o entorno da Usina do Gasômetro. Desaparece todo o novo trecho da Orla. A água também cobre a Avenida Edvaldo Pereira Paiva, ocupa toda Pracinha do Gasômetro (Júlio Mesquita) e preenche com grande volume as ruas dos Andradas e General Salustiano e adjacências. O prédio da Câmara dos Vereadores fica ilhado. Toda a área do Anfiteatro Pôr do Sol está inundada. O mesmo ocorre no trecho 2 da Orla, próximo ao Marinha do Brasil e na região do Estádio Beira-Rio.