Se o atual ritmo de vacinação contra a covid-19 continuar no Brasil, nas próximas semanas, o país deve superar algumas das nações da Europa Ocidental no percentual da população imunizada – algo que já ocorreu em relação aos Estados Unidos. Registramos 60,04% da população tendo recebido as duas doses, contra 57,88% dos americanos.
O percentual brasileiro já é superior também ao das principais nações do Leste Europeu, como Polônia (53,7%), República Tcheca (58,72%), Eslováquia (42,82%) e estamos na cola da Hungria (60,37%). Com relação à Europa Ocidental, excetuando Portugal (87,78%) e Espanha (80,37%), estamos perto de superar Áustria (64,91%), Suíça (65,07%), Alemanha (67,6%), Reino Unido (67,75%) e França (69,23%).
De acordo com uma contagem da AFP, a Europa superou 1,5 milhão de mortes na manhã desta quinta-feira (25). Nesta semana, a região, que inclui 52 países, registra uma média de 4.210 mortes por coronavírus por dia.
Esses números são baseados em dados oficiais, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o número real é muito maior.
Na região, o país mais afetado é a Rússia, com cerca de 30% do total de mortes e uma média de 1.246 óbitos por dia.
Se no Leste Europeu pode-se atribuir a dificuldade em fazer avançar as campanhas de imunização por razões como falta de acesso a imunizantes, esse não é um motivo na porção ocidental do continente. Sobram doses, mas muita gente não quer se imunizar por medo de efeitos colaterais, desconhecimento embalado por notícias falsas ou motivações político-ideológicas turbinadas pelo ativismo antivacina. A ideia de que qualquer medida compulsória constitui uma afronta à liberdade individual é uma falácia de que movimentos políticos têm lançado mão surfando no anticientificismo que tem origem no caldo antiglobalismo, do qual bebem, por exemplo, negacionistas das mudanças climáticas. No Brasil, apesar das atitudes do presidente, a capilaridade do SUS e o histórico de campanhas de vacinação salvaram milhares.
A vacinação na Europa estagnou, no momento em que aproxima mais um inverno da pandemia e em meio à quarta onda. Se meses atrás, países como Brasil, África do Sul e Índia eram viveiros potenciais de novas variantes, agora, é hora de, nos preocuparmos com EUA e Europa.