Não é pelo tipo de vacina contra a covid-19 que brasileiros não podem entrar na maioria dos países da Europa. A União Europeia (UE) aceita turistas de várias partes do mundo que tenham recebido os imunizantes AstraZeneca/Oxford, Pfizer/BioNtech, Janssen e Moderna.
Por enquanto a CoronaVac (chamada lá fora de Sinovac) não serve para ingressar na maioria dos países do bloco (entre eles, alguns dos mais visitados por brasileiros, como Portugal, Espanha, Itália e Alemanha).
Mas não é pelo tipo de vacina que não podemos entrar nesses países. Mais cedo ou mais tarde, a CoronaVac, autorizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), será também chancelada pelo bloco, afinal, os europeus não ficarão muito tempo de portas fechadas aos milhares de turistas, especialmente chineses.
O problema, para os brasileiros, segue sendo o alto nível de transmissão do coronavírus por aqui. Ou seja, se você recebeu a vacina A ou B, não importa. Você não entra na UE devido à situação epidemiológica brasileira.
Além de ter sido vacinado com as duas doses (ou com a dose única da Janssen), o turista que quiser entrar na UE precisa ser proveniente de um país com taxa de até 75 casos de covid-19 por 100 mil habitantes, em 14 dias.
O Brasil está longe disso. Considerando dados atualizados até sexta-feira (30), o país registrou total de 572.164 novos casos nos últimos 14 dias. O professor Álvaro Krüger Ramos, do Departamento de Matemática Pura e Aplicada da UFRGS, calcula que, considerando a população brasileira, estimada em 211,7 milhões de pessoas, o país contabiliza atualmente 270 casos por 100 mil habitantes. Para chegarmos aos 75 casos por 100 mil exigidos pela UE, é necessária uma redução de 72,2%.
- Me parece uma medida protetiva correta por parte da União Europeia. Embora tenhamos baixado consideravelmente a taxa de transmissão nas últimas semanas, é necessário observar que ainda estamos com índices altos de contaminação, que nos coloca como uma fábrica em potencial de novas variantes, que inclusive podem escapar da proteção vacinal - analisa Krüger.
Essa regra vale, claro, para quem sai do Brasil ou de outros países com taxa superior a 75 casos por 100 mil habitantes. Brasileiros que estão em nações onde esse índice é menor podem acessar à UE desde que tenham completado o ciclo de imunização. Há exceções para casos de viagens emergenciais. Além disso, cada país tem liberdade de apertar ou não as regras - e incluir outras vacinas, como o caso da Grécia. O governo aceita a CoronaVac e a russa Sputnik.
É o caso da França, que, em 17 de julho, flexibilizou as regras do bloco, passando a aceitar viajantes de países da lista vermelha (mais de 75 casos por 100 mil em 14 dias), da qual o Brasil faz parte. Passageiros brasileiros podem ingressar no país apresentando comprovante de vacinação por imunizantes reconhecidos pela Agência Europeia de Medicamentos (Pfzier, Oxford/AstraZeneca, Moderna e Janssen).
Quer saber qual vacina é aceita em que país? Clica aqui e assista ao vídeo.