A estratégia de ganhar no grito não é nova, mas, volta e meia, candidatos lançam mão dessa tática como forma de criar um clima de "já ganhou", mesmo que o jogo ainda não tenha terminado.
É o que faz o político da esquerda peruana, Pedro Castillo, ao se proclamar o vencedor da eleição presidencial de domingo (6), mesmo que ainda não se tenha chegado à totalidade da apuração dos votos.
Com 98,33% das urnas apuradas, Castillo tem 50,2% dos votos, contra 49,7% da adversária, Keiko Fujimori, representante da direita. Cerca de 71,7 mil votos separam os dois. Essa diferença aumentou nas últimas 24 horas. É muito pouco provável que Keiko consiga virar o jogo.
Nesses 2% de urnas que faltam ser apuradas, há dois tipos de votos: do Exterior e dos grotões peruanos, a zona rural. A esperança de Keiko está fora das fronteiras do país, onde ela é favorita: tem até o momento 66,48% dos votos, contra 33,51% de Castillo.
O problema é que faltam mais votos por contar no Peru do que fora. E, nas selvas e campos peruanos, o esquerdista leva vantagem.
Tudo indica que Castillo irá ganhar, mas o histórico de eleições peruanas sugere cautela. Tanto que nenhum dos grandes jornais do país nesta quarta-feira (9) traz como manchete um desfecho do processo eleitoral, mesmo depois da autoproclamação do candidato da esquerda.