Talvez nunca saibamos como o coronavírus surgiu na China. Mas, de tempos em tempos, novas informações comprovam a falta de transparência do regime sobre os primeiros casos de covid-19. Embora nada seja comprovado por investigadores, qualquer novidade alimenta teorias conspiratórias.
Como já comentei aqui, essas teses não recebem a chancela desta coluna. Por enquanto, a única informação formal sobre a origem do coronavírus (além da versão chinesa) é o resultado do estudo elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que despachou para Wuhan uma equipe de especialistas para investigar a questão. As conclusões foram pouco definitivas, até pelo acesso restrito que os cientistas tiveram a locais relevantes para o trabalho.
Até agora, a hipótese mais provável é de que o vírus tenha surgido de forma natural, a partir do contato entre animais e seres humanos.
Os pesquisadores também disseram que o risco de acidente, ou seja, de o vírus ter vazado do Laboratório de Virologia de Wuhan, é baixo - embora não seja completamente descartado.
Nesta segunda-feira (24), o jornal americano The Wall Street Journal publicou uma ampla reportagem com novidades. Conforme o diário, que teve acesso a um relatório de inteligência americano, pesquisadores chineses que trabalhavam no Instituto de Virologia de Wuhan teriam sentido sintomas equivalentes aos de covid-19 e hospitalizados em novembro de 2019.
Chama a atenção que o primeiro caso da doença só foi relatado pelo regime chinês em 31 de dezembro.
Seria, além de mais uma evidência da falta de transparência chinesa em relação à origem do vírus, uma informação que corrobora com a tese de um suposto vazamento do patógeno. Nesta segunda-feira (24), o diretor do laboratório de Wuhan, Yuan Zhiming, considerou que a alegação de que cientistas foram hospitalizados em novembro de 2019 como "uma mentira completa".
Desde o surgimento do coronavírus, o governo dos Estados Unidos, sobretudo na gestão Donal Trump, tem apontado a China como responsável pela origem da doença. O ex-presidente, em mensagens públicas, costumava se referir ao coronavírus como "vírus chinês", como parte de sua retórica anti-China. O que mudou agora, com Joe Biden no poder, é a abordagem, menos ideologizada. Mas a pressão de Washington sobre Pequim por esclarecimentos segue firme.