Em meio ao pandemônio que a Índia está vivendo devido à explosão de casos de covid-19, que levou os sistemas de saúde e funerário do país ao colapso, o governo deverá olhar, primordialmente, para a situação dramática interna antes de seguir exportando vacinas contra o coronavírus.
O país aplica 10,09 doses para cem habitantes, segundo o ranking da Universidade de Oxford (o Brasil administra 17,89 doses para cem habitantes). Ou seja, precisa aumentar drasticamente a oferta para chegar à meta de imunizar com duas doses toda a população maior de 18 anos, cerca de 940 milhões de pessoas.
Essa necessária medida deve ter forte impacto no envio de vacina ao Brasil. Em março, antes de a situação piorar, o Instituto Serum, que fornece os produtos de Oxford/AstraZeneca, informou ao governo brasileiro que não conseguiria cumprir o cronograma de entrega. São esperadas 8 milhões de doses até julho, importadas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A situação epidemiológica na Índia está fora de controle. Estados Unidos e União Europeia estão enviando oxigênio e insumos para vacina.
No domingo, o país registrou 350 mil infecções em 24 horas, um recorde pelo quarto dia seguido. O país é o segundo do mundo com maior número de contaminações – 17,3 milhões, segundo a Universidade Johns Hopkins, atrás apenas dos Estados Unidos (32 milhões). Entre os mortos, ocupa o quarto lugar (195 mil), atrás de EUA, Brasil e México.