Enquanto a vacinação contra a covid-19 avança, de forma geral, lentamente no mundo - com poucas exceções -, alguns países começam a receber carregamentos disponibilizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A iniciativa Covax Facility é esperança para nações pobres, em especial da África. O projeto foi lançado pela OMS um mês e meio após a decretação do estado de pandemia, em março de 2020, como uma tentativa de resposta multilateral à crise, a fim de garantir uma distribuição equânime das vacinas - e evitar que apenas países desenvolvidos tivessem acesso aos produtos.
O primeiro país a receber o lote de 600 mil doses do produto da Oxford/AstraZeneca foi Gana, na quarta-feira (24). Nesta sexta-feira (26), a Costa do Marfim irá receber remessas. Mas a coalizão tem acordos com outros laboratórios, como Johnson&Johnson, Pfizer/BioNtech, Novavax e com o instituto Serum, da Índia. Espera-se que, por meio dessa iniciativa, sejam adquiridos 2,2 bilhões de doses até o fim do ano.
Ao Brasil, a distribuição está organiza em três lotes: 1,6 milhão no primeiro trimestre, 6 milhões no segundo e 3 milhões a partir de julho.
Nesta sexta-feira, um olhar geral sobre o mapa-múndi da vacinação, disponibilizado pela Universidade de Oxford, mostra um pequeno grupo de países à frente na corrida para imunizar suas populações: Israel avançou pouco, depois de ter passado nesta semana da marca dos 90% da população imunizada (registra agora 91,55%); Emirados Árabes Unidos, o segundo na frente, tem 59,11%; Reino Unido, contabiliza 28,57; e Estados Unidos e Sérvia cada um com 20,64% e 20,22%.
Destaque para a Sérvia, país dos Bálcãs, que não integra a União Europeia, e conseguiu avançar bastante nos últimos dias na cobertura vacinal, quase ultrapassando os Estados Unidos.
Na América Latina, com exceção do Chile (16,78%), todos os demais países vão muito devagar - não passando de 2% de cobertura. O Brasil está menos pior nesse grupo, com 3,67% (dado de quinta-feira, 25).
Na África subsaariana, além da África do Sul, que já aparecia no mapa há alguns dias, começaram alguns registros muito pequenos de Zimbábue e Senegal (subsaariana), Marrocos, Argélia e Egito, no Norte.
Comentei na quinta na Rádio Gaúcha a situação lenta do Japão, o último dos países do G7 a começar a vacinação. Apenas 0,02% da população foi imunizada. O país sedia a Olimpíada de Tóquio, entre julho e agosto. Foi um dos exemplos de contenção do coronavírus na Ásia, nos primeiros meses de pandemia, com testagem e rastreio de infectados, mas enfrenta dificuldades. Um dos problemas foi a inadequação de seringas padrão utilizadas no país e os produtos da Pfizer. Outros dois países desenvolvidos - e que geriram bem a crise em sua primeira onda - também estão lentos na imunização. Nova Zelândia tem 0,01% da população vacinada, e Austrália, 0,05%.