Os primeiros gestos de Joe Biden na presidência dos Estados Unidos confirmam que a pressão sobre o governo brasileiro no campo do meio ambiente em algum momento virá. O democrata, que tem se dedicado a "resetar" as ações políticas de Donald Trump, nesta quarta-feira (27), anunciou um pacote histórico, que reúne medidas de combate ao aquecimento global.
Em uma série de ordens executivas, semelhantes aos decretos presidenciais aqui no Brasil, Biden instruiu o governo a não autorizar novas perfurações de petróleo e gás nas terras da União. Ele também eliminou subsídios aos combustíveis fósseis e ordenou a transformação da frota de carros e caminhões do governo em veículos elétricos.
A medida tem tons históricos: toda a frota de veículos usados pelo governo federal não será mais abastecida com combustíveis derivados de petróleo.
O pacote está sendo comparado a uma declaração de emergência nacional sobre mudanças climáticas. O termo foi usado pelo líder da maioria no Senado, Chuck Schumer. O próprio Biden chamou esta quarta-feira (27) de Dia do Clima e anunciou a realização de uma Cúpula de Líderes Climáticos, para 22 de abril, Dia da Terra e aniversário de cinco anos do Acordo de Paris (aliás, tratado internacional que os EUA voltaram a ser partícipes no primeiro dia do novo governo).
O chamamento de Biden aos líderes mundiais a participarem do evento joga na mesa do Palácio do Planalto uma decisão a ser tomada. O Brasil irá participar?
Com essas medidas, Biden se aproxima do cumprimento das promessas de campanha de deixar de usar combustíveis fósseis e chegar à neutralidade do carbono no setor energético em 2035. E indica que o toma do meio ambiente é prioridade - e a pressão sobre o Brasil e a questão da Amazônia virá, seja na forma de barganha na mesa de negociação por acordos comerciais, seja na forma de pressão para permitir a participação do país em fóruns internacionais, como a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).