Em um cenário cada vez mais preocupante para o futuro das relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, o governo brasileiro, agora, é um dos únicos, ao lado da ditadura da Coreia do Norte, a não reconhecer a derrota de Donald Trump e a vitória de Joe Biden nas eleições americanas.
Nesta terça-feira (15), o presidente Vladimir Putin, considerado pelos democratas o principal rival geopolítico americano, emitiu um comunicado no qual felicita Biden pela vitória: "Putin desejou todo o sucesso ao presidente eleito e expressou confiança de que a Rússia e os EUA poderiam, apesar de suas diferenças, ajudar a resolver os muitos problemas e desafios que o mundo enfrenta", diz o texto.
Outro que havia mantido silêncio até agora era o presidente mexicano, o líder de esquerda Andrés Manuel López Obrador. Mas também nesta terça veio a público a mensagem que seu governo enviou a Biden, com data de 14 de dezembro, segunda-feira, na qual reconhece sua vitória e afirma esperar que "a diplomacia americana respeite os princípios da Constituição mexicana de não intervenção e autodeterminação".
Líderes à direita, como Putin e os primeiros-ministros israelense, Benjamin Netanyahu, e indiano, Narendra Modi, dois dos aliados primeiros de Trump, e de esquerda, como Obrador e o ditador Nicolás Maduro, já reconheceram a derrota do republicano e a vitória de Biden e de sua vice, Kamala Harris.
Ao se manter calado sobre o resultado do pleito americano, o presidente Jair Bolsonaro fica cada vez mais isolado – ao lado apenas de Kim Jong-un, que, durante o governo Trump, conseguiu uma reaproximação histórica com os Estados Unidos, ainda que com poucos resultados práticos para ambos os lados e para a segurança internacional.
A pá de cal nas intenções de Trump de permanecer na Casa Branca veio na segunda-feira (14), depois que o Colégio Eleitoral, órgão que confirma o resultado das urnas nos Estados Unidos, ratificou a vitória de Biden no dia 3 de novembro. O período entre o dia da eleição e a reunião do Colégio Eleitoral serve para que as candidaturas peçam recontagem de votos ou reivindiquem na Justiça revisões nos processos nos Estados.
Trump não conseguiu judicialmente reverter os resultados em nenhum território, mas insiste em não reconhecer a derrota, algo que, tradicionalmente ocorre logo após o final do dia da eleição nos EUA. A ratificação pelo Colégio Eleitoral significa a eliminação de qualquer chance de Trump, dentro dos marcos legais, de contestar a vitória democrata.
Nesta terça-feira (15), até o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, pela primeira vez em mais de seis semanas desde o pleito, admitiu a derrota de Trump.
– O Colégio Eleitoral falou. Hoje, quero parabenizar o presidente eleito Joe Biden.
Faltam Trump, Bolsonaro e Kim.