O Uruguai, país que havia conseguido conter o coronavírus, tornando-se exemplo de nação em desenvolvimento capaz de implementar medidas que reduziram o impacto da pandemia, está preocupado com a origem do novo surto surgido no departamento de Treinta y Tres.
As autoridades querem saber, por exemplo, se o vírus teve o Brasil como ponto de partida. Para tanto, quatro laboratórios públicos (da Universidade de la República, em Salto, do Instituto Pasteur, da Faculdade de Ciências e do Instituto Clemente Estable) vão analisar o material genético do vírus nos próximos dias a partir de 10 e 15 amostras retiradas de pessoas infectadas no departamento. As cepas serão comparadas às encontradas no Brasil.
- Vamos estudar se o vírus entrou pelo Brasil, se o vírus está passando por alguma mutação, para acompanhar de perto como o vírus está mudando em nível global, para comparar com informações que estão chegando do Exterior que tenham a ver com algum comportamento - explicou ao jornal El Observador o virologista Rodney Colina.
Até quarta-feira, havia 26 casos ativos de coronavírus em Treinta y Tres, surto que gerou o isolamento de 215 pessoas. As autoridades acreditam que o problema esteja controlado.
O governo uruguaio está em alerta há pelo menos duas semanas, desde que o aumento dos casos no Rio Grande do Sul levou o Piratini a mudar as cores das bandeiras que indicam os níveis de distanciamento social em algumas regiões de fronteira.
Depois do surto em Treinta y Tres, o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, admitiu que houve um relaxamento por parte da população. As aulas presenciais, que haviam sido retomadas no dia 1º de junho, voltaram a ser suspensas em quase todo o país.
- Com o que está acontecendo hoje, retrocedemos algumas casas. Isto nos obriga a fazer uma pausa, a recuar tudo o que for necessário. A verdade é que o fazemos com pesar, mas é nosso dever - afirmou Lacalle Pou.
Uma das suspeitas da origem do surto em Treinta y Tres envolve uma enfermeira do hospital local, que teria contraído o vírus durante viagem com amigos a Chuy, cidade vizinha à gaúcha Chuí. Também não se descarta origem autóctone. As fronteiras entre dois países estão fechadas desde março. A polícia investiga denúncias de eventos realizados aos finais de semana, em festas que reuniram mais de 200 pessoas.